POLÍTICA NACIONAL
O deputado Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na Câmara, o presidente Jair Bolsonaro, o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), e o deputado Arthur Lira (AL), líder do PP na Câmara ./Reprodução
Aliado dos ex-presidentes petistas Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, em cujos governos foi um dos sócios do petrolão, e também de Michel Temer (MDB), o PP, ou Progressistas, uma das cabeças do Centrão, é atualmente um dos partidos mais fiéis e próximos ao presidente Jair Bolsonaro. Seu cacique-mor, o senador Ciro Nogueira (PI), reeleito em 2018 após pedir votos com a imagem de Lula, enquanto o partido apoiava Geraldo Alckmin (PSDB), tornou-se um interlocutor frequente e assíduo do presidente. O deputado Ricardo Barros (PR), tesoureiro da sigla, é líder do governo na Câmara e o deputado Arthur Lira (AL), líder da legenda na Casa, desponta como o candidato da simpatia de Bolsonaro na disputa pela presidência da Câmara.
A hoje estreita relação entre os caciques do Progressistas e o Palácio do Planalto sob Bolsonaro é daquelas forjadas pelas conveniências de Brasília, que suplantam as mais (aparentemente) graves incompatibilidades. Afinal, é o presidente eleito com o discurso do combate à corrupção e ao “toma lá, dá cá” aliando-se a um partido notável pelo fisiologismo e com o maior número de políticos investigados na Lava-Jato. Somam-se a isso críticas do próprio Nogueira, processado por corrupção, a Bolsonaro, a quem o senador já chamou de “fascista e preconceituoso” em 2017. Hoje, como se vê, as arestas foram dizimadas: o PP indica cargos cobiçados na máquina federal, como a diretoria do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), e passou a ser cogitado como futuro partido do presidente.
Nogueira, agora, jura amor eterno ao capitão e garante que o partido marchará ao lado dele em 2022. “Temos mil vezes mais identificação com o projeto político de Bolsonaro do que tínhamos com o PT. A chance de mudarmos de lado é zero”, diz a VEJA o presidente do PP, que tem entre os sonhos de consumo eleitorais a filiação da ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, para concorrer nas eleições de Sergipe, possivelmente ao Senado.
Além do alinhamento ao governo e da fidelidade no Congresso, que chegou a 86% em uma votação recente, conforme levantamento do Planalto, os bons resultados eleitorais do PP em 2020 também se tornam um trunfo que o partido tem a oferecer ao presidente. A sigla foi a segunda que mais elegeu prefeitos, 685, atrás apenas do MDB, com 784, enquanto Bolsonaro viu a maioria dos candidatos apoiados por ele naufragar nas urnas.
Ao contrário de outros caciques do Centrão, como Gilberto Kassab, presidente do PSD, no entanto, líderes do PP não veem o presidente como “derrotado” no pleito e atribuem as derrotas de aliados dele, como Celso Russomanno (Republicanos), em São Paulo, e Marcelo Crivella (Republicanos), no Rio de Janeiro, a problemas dos próprios candidatos. O único prefeito eleito em uma capital apoiado pelo presidente é justamente do PP: Tião Bocalom, em Rio Branco.
líder do PP na Câmara ./Reprodução
Aliado dos ex-presidentes petistas Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, em cujos governos foi um dos sócios do petrolão, e também de Michel Temer (MDB), o PP, ou Progressistas, uma das cabeças do Centrão, é atualmente um dos partidos mais fiéis e próximos ao presidente Jair Bolsonaro. Seu cacique-mor, o senador Ciro Nogueira (PI), reeleito em 2018 após pedir votos com a imagem de Lula, enquanto o partido apoiava Geraldo Alckmin (PSDB), tornou-se um interlocutor frequente e assíduo do presidente. O deputado Ricardo Barros (PR), tesoureiro da sigla, é líder do governo na Câmara e o deputado Arthur Lira (AL), líder da legenda na Casa, desponta como o candidato da simpatia de Bolsonaro na disputa pela presidência da Câmara.
A hoje estreita relação entre os caciques do Progressistas e o Palácio do Planalto sob Bolsonaro é daquelas forjadas pelas conveniências de Brasília, que suplantam as mais (aparentemente) graves incompatibilidades. Afinal, é o presidente eleito com o discurso do combate à corrupção e ao “toma lá, dá cá” aliando-se a um partido notável pelo fisiologismo e com o maior número de políticos investigados na Lava-Jato. Somam-se a isso críticas do próprio Nogueira, processado por corrupção, a Bolsonaro, a quem o senador já chamou de “fascista e preconceituoso” em 2017. Hoje, como se vê, as arestas foram dizimadas: o PP indica cargos cobiçados na máquina federal, como a diretoria do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), e passou a ser cogitado como futuro partido do presidente.
Nogueira, agora, jura amor eterno ao capitão e garante que o partido marchará ao lado dele em 2022. “Temos mil vezes mais identificação com o projeto político de Bolsonaro do que tínhamos com o PT. A chance de mudarmos de lado é zero”, diz a VEJA o presidente do PP, que tem entre os sonhos de consumo eleitorais a filiação da ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, para concorrer nas eleições de Sergipe, possivelmente ao Senado.
Além do alinhamento ao governo e da fidelidade no Congresso, que chegou a 86% em uma votação recente, conforme levantamento do Planalto, os bons resultados eleitorais do PP em 2020 também se tornam um trunfo que o partido tem a oferecer ao presidente. A sigla foi a segunda que mais elegeu prefeitos, 685, atrás apenas do MDB, com 784, enquanto Bolsonaro viu a maioria dos candidatos apoiados por ele naufragar nas urnas.
Ao contrário de outros caciques do Centrão, como Gilberto Kassab, presidente do PSD, no entanto, líderes do PP não veem o presidente como “derrotado” no pleito e atribuem as derrotas de aliados dele, como Celso Russomanno (Republicanos), em São Paulo, e Marcelo Crivella (Republicanos), no Rio de Janeiro, a problemas dos próprios candidatos. O único prefeito eleito em uma capital apoiado pelo presidente é justamente do PP: Tião Bocalom, em Rio Branco.
“O desempenho na eleição reforça nossa posição como aliado que a população está reconhecendo, com resultado muito bom, então o presidente pode ficar tentado a criar uma sintonia maior com nosso discurso, já que ele deu certo. Acredito que isso vai acontecer”, diz Ciro Nogueira. “Nós somos o segundo partido, crescendo. O MDB é o primeiro partido, caindo”, compara Ricardo Barros.
Nordeste
No Nordeste, região estratégica para Bolsonaro em sua cruzada contra a esquerda rumo a 2022 – à qual ele tem viajado mais, estimulado por Nogueira -, o PP superou o MDB e será a sigla com o maior número de prefeituras a partir de 2021: 288. Entre as cidades do Nordeste conquistadas pelo partido está apenas uma capital, João Pessoa, o que mostra uma capilaridade maior no interior, os rincões nordestinos, historicamente petistas – os resultados refletem a estratégia de focar cidades pequenas e médias, onde o consumo de recursos de campanha é menor e a previsibilidade de vitórias maior do que nos grandes centros.
Em cinco estados nordestinos, Piauí, Alagoas, Bahia, Sergipe e Paraíba, o PP elegeu ao menos 10% dos prefeitos e ganhou corpo para disputas estaduais, que por sua vez são importantes como palanques na eleição presidencial. Com 37,5% dos prefeitos eleitos filiados ao PP, o Piauí é o caso mais emblemático: trata-se da base eleitoral de Ciro Nogueira, candidatíssimo ao governo piauiense em 2022, que vê na maior atratividade a prefeitos no estado um sinal da sua “expectativa de poder”.
O resultado em Alagoas, terra de Arthur Lira, com 28% de prefeitos do PP, também foi expressivo. “O Nordeste nunca foi de esquerda, a região é mais conservadora que o resto do país. Acontece que Lula tinha uma identificação muito grande por ser nordestino (nasceu em Pernambuco), assim como Ciro Gomes, que é do Ceará”, diz Nogueira. “O presidente vai chegar a 2022 com o índice de popularidade muito semelhante ao que era o de Lula no Nordeste”, aposta.
Filiação presidencial
Sobre a possível volta de Bolsonaro ao PP, ao qual ele foi filiado entre 2005 e 2016, líderes do partido não escondem o desejo por um retorno, mas não veem uma decisão sendo tomada no curto prazo. “O presidente sempre brinca que tem saudade do partido”, diz Ciro Nogueira. “Sabemos que é um assunto para mais tarde, estamos com a cautela necessária”, desconversa Ricardo Barros.
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