sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Após ser xingada, vítima de Abdelmassih quer processá-lo: “Paguei por estupro.” Escutas do Ministério Público mostram ex-médico chamando pacientes de "vagabundas"

REVOLTA
Médico viveu em meio ao luxo durante anos no Paraguai. Foto: Divulgação
Médico viveu em meio ao luxo durante anos no Paraguai. Foto: Divulgação
A primeira mulher que denunciou o médico Roger Abdelmassih por estupro, Ivany Serebrenic, diz ter vivido mais um capítulo de sofrimento ao ouvir as gravações feitas pelo Ministério Público em que o ex-médico chama as pacientes de “vagabundas”, “loucas” e se refere às mulheres como “um bicho desgraçado”.
Em entrevista, Ivany informou que vai processá-lo por difamação pelas declarações e que deseja ficar frente-a-frente com ele.

“Ele disse que nós o seduzimos e ele apenas foi “comedor”. Meu sonho é ficar frente-a-frente com ele e perguntar em que momento eu o seduzi. Eu paguei para ser estuprada e vou conviver o resto da minha vida com isso. A gravação dele é uma prova, ele confessou. ”

Ivany conta que havia acabado de casar e tentava engravidar, mas não conseguiu, por isso buscou ajuda médica. Em 1999 ela procurou Roger e iniciou o tratamento de fertilização. O critério para escolher o profissional foi a constante aparição na mídia. Em uma das consultas, ela disse que acordou com ele em cima dela.

Ivany o denunciou em 2008 e no dia 23 de novembro de 2010. Roger foi condenado a 278 anos pelo abuso de 52 mulheres.

Após três anos foragido da Justiça brasileira, ele foi preso em agosto no Paraguai. Em Assunção, levava uma vida luxuosa com sua atual mulher e dois filhos pequenos. Ele tenta recurso na Justiça para cumprir a pena em liberdade, o que gera mais revolta nas vítimas. Ivany afirma que elas moverão “céus e terras“ para que ele fique preso. Algumas mulheres fundaram uma associação e têm um advogado que defende em conjunto.

Ela é mãe de trigêmeos, concebidos após um tratamento feito no interior de São Paulo, e afirma que apesar de passados tantos anos, a família ainda convive com o trauma.

“Nós vamos mover céus e terras, o que for preciso para ele continuar preso. Os colegas de classe perguntaram para minha filha de 12 anos se a mãe dela foi estuprada. Agora, eu não vou deixar meus filhos ouvirem que a mãe deles é vagabunda.”

Mulher do ex-médico
A mulher de Roger, Larissa Sacco, de 37 anos, contou detalhes, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, da relação de três anos e meio com o marido. Mesmo após divulgações de escutas em que Roger admite ter feito sexo com as pacientes, ela acredita que o especialista é inocente e que “a índole dele é de cativar e não de atacar”, apesar de admitir que “santo ele pode não ser”.

Ivany comentou as declarações de Larissa e disse acreditar que ela seja mais uma vítima do ex-médico.
“Nós [vítimas] não temos raiva dela. Só não entendemos como uma mulher tão bonita e inteligente é capaz de conviver com ele. Sem dúvida, ela é uma vítima.”

Roger cumpre pena em regime fechado no presídio de Tremembé.

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