CONSTATAÇÃO NAS URNAS
Alex Viana
Repórter de Política
A superioridade eleitoral do governador eleito do Rio Grande do Norte, Robinson Faria (PSD), sobre o seu rival no segundo turno, Henrique Alves (PMDB), foi de 142.467 votos, ou de 8,84% dos votos válidos. Para o deputado estadual reeleito José Dias (PSD), a vitória de Robinson estava prevista, assim como a derrota de Henrique, “porque a população não aceitou aquele tipo de fazer política que o candidato Henrique propôs”.
O tipo de política que Henrique engendrou, segundo José Dias, se baseou no desrespeito aos interesses locais, numa costura política que previa a união de antagonistas nos municípios do Estado em prol de uma candidatura majoritária estadual. “Ele não teve o menor respeito aos interesses locais, às realidades de cada município, e criou uma coligação com extrema contradição”, afirmou Dias.
José Dias lembra que, no primeiro turno, com muitos recursos financeiros e o interesse dos candidatos que estavam disputando as eleições proporcionais (deputados federais e estaduais), Henrique ainda conseguiu uma votação que o fez o mais votado naquele momento, mas que não foi suficiente para levá-lo à vitória. “Além disso, nós sabíamos que se ele não ganhasse no primeiro turno, ele perderia a eleição. Isso nós tínhamos a certeza”, afirmou.
José Dias avalia ainda que a vitória de Robinson mostra que é possível se fazer uma campanha com parcos recursos. “Foi também provado que você faz uma campanha com extrema dificuldade de recursos financeiros e que leva à vitória. Na eleição majoritária, a gente já tem uma evolução: quando o povo se decide, dificilmente, está provado aqui, você consegue, pelos métodos tradicionais de aliciamento, modificar”.
TRANSIÇÃO
Até o final da semana, o governador eleito, Robinson Faria, já estará com a sua equipe de transição. Para José Dias, não haverá nenhum interesse do governo em subtrair informações. “Não haverá esse interesse. O grande problema da transição é saber o que vamos encontrar. Porque ninguém sabe. Não vai ser nem a forma de ser, mas o que vai ser encontrado, o que a gente vai ver”, diz.
José Dias admite que as noções preliminares que se tem do governo Rosalba e de que “a coisa não está fácil, mas não temos a noção numérica”. Isso significa saber o que o Estado deve e a quem, sobretudo os setores vitais, como saúde e segurança. “Dever na saúde significa risco de termos hospitais desabastecidos. Dever na segurança representa a possibilidade de deixar polícia sem sair. Talvez haja a necessidade de se encontrar os débitos das coisas que são extremamente necessárias”, diz.
Para o deputado reeleito, por mais difícil que seja o desafio, no entanto, Robinson tem que ter coragem, o que já ficou provado que tem quando ele foi para a luta para se eleger governador. “Robinson tem disposição porque tem esperança que com o trabalho vai dar uma resposta positiva”, afirmou.
GOVERNABILIDADE
Quanto ao relacionamento com a Assembleia, José Dias afirma que Robinson leva uma vantagem porque conviveu durante 24 anos com os deputados e conhece a maioria. “Ele vai ter que conversar muito. Acho que aí vai depender muito e muito e muito da competência dele nessa negociação”.
Quanto ao novo presidente, José Dias afirma não ter a mínima ideia de quem seja. “Até porque eu não sou o interlocutor mais importante. Na realidade quero que a Assembleia tenha uma boa gestão. É meu sonho que a AL sirva ao Estado. Isso não significa que eu ache e reivindique que a AL seja submissa aos interesses do Executivo, mas tem que ser absolutamente submissa aos interesses do povo”.
Henrique: “Desejo que Robinson cumpra os compromissos”
Com a experiência de quem já havia sido derrotado em duas eleições majoritárias (para prefeito de Natal), Henrique Eduardo Alves, do PMDB, mostrou neste domingo que é um bom perdedor. Em entrevista concedida logo após a divulgação do resultado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE), o peemedebista deu entrevista coletiva e afirmou que espera uma boa gestão do vencedor, Robinson Faria, do PSD.
“Desejo que Robinson Faria, cumpra com todos os seus compromissos. De nossa parte, ele terá uma oposição vigilante e democrática, como deve ser”, afirmou Henrique, que também agradeceu aos 734 mil eleitores que votaram nele. “Eu agradeço a todos os que me apoiaram, a cada cidadão que me confiou o voto e conseguimos fazer esta bonita campanha”, afirmou.
Após 44 anos, o ano de 2015 será o primeiro da vida de Henrique sem mandato eletivo. O atual presidente da Câmara Federal, eleito 11 vezes para deputado, fez um balanço positivo dessas décadas de trabalho e que tentou levar isso ao eleitor. “Do jeito que entrei, eu saio de cabeça erguida por ter dado o melhor de mim no momento que o Estado mais precisou, isso me fez reconhecer essa bonita campanha pelas estradas do meu Estado”, acrescentou.
“Eu enfrentei de cabeça erguida, uma quando fui convocado para esta luta pelo meu partido, o PMDB, por outros partidos, e lideranças e me dediquei totalmente. Eu me entreguei de corpo e alma e dei o que eu tinha de competência, de experiência na vida política, desde os 28 anos de idade. E saio bastante tranquilo”, ressaltou o político.
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