sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Mãe de suposto serial killer não crê em culpa do filho: 'Ele é inocente.' Em entrevista ao G1, mulher disse que vigilante nunca foi violento. Jovem é apontado pela polícia como autor de 39 homicídios em Goiânia.

SERÁ?

Fernanda Borges Do G1 GO
 
Thiago Henrique Gomes da Rocha é apontado como autor de 39 mortes em Goiânia, Goiás (Foto: Luísa Gomes/G1) 
Thiago é apontado como autor de 39 mortes,
em Goiânia (Foto: Luísa Gomes/G1)
 
A mãe do vigilante Tiago Henrique Gomes da Rocha, de 26 anos, que é apontado como o autor de 39 mortes em Goiânia, não acredita que o filho seja culpado. “Estão jogando muita coisa em cima dele, mas tenho certeza de que ele é inocente. Eu e toda a minha família estamos arrasados”, afirmou a mulher, que não quis ser identificada, em entrevista ao G1.

Segundo ela, o filho nunca apresentou comportamento violento. “É muito difícil  acreditar que ele tenha sequer matado uma pessoa. Imagina tudo isso que estão dizendo”, ressaltou.

O vigilante foi preso na terça-feira (14), suspeito por uma série de assassinatos, entre eles os homicídios de mulheres, cometidos por motociclistas, investigados há dois meses por uma força-tarefa. Na manhã do dia seguinte, antes de ser apresentado à imprensa, o jovem tentou se matar na cela da Delegacia Estadual de Repressão a Narcóticos (Denarc), onde está detido. O advogado do suspeito, Thiago Huascar, confirmou ao G1 que ele cortou os pulsos com o vidro da lâmpada. Ele foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros e passa bem.

A mãe afirma que esteve na delegacia e que viu o filho logo após ele se ferir, mas não pôde se aproximar dele. “Fiquei sabendo que ele tinha se machucado e fui até a Denarc. Mas não me deixaram nem falar com ele, que estava com as mãos para trás e era atendido pelos bombeiros. Quero pedir proteção para os Direitos Humanos”, disse.

A mulher relatou, ainda, que só ficou sabendo que o filho era suspeito de homicídios no dia seguinte à prisão. “Ninguém me falou nada. Policiais estiveram na minha casa e reviraram tudo, mas disseram que estavam procurando um ponto de tráfico de drogas. Só quando eu fui até a delegacia despejaram essa bomba sobre as mortes”.

Tiago foi apresentado pela polícia na quinta-feira (16) e o delegado que coordena os trabalhos da equipe, Deusny Aparecido, disse que ele é uma pessoa “fria”: “Matava por raiva, raiva de tudo e de todos. Matava aleatoriamente. Ele nunca teve vínculo com nenhuma dessas vítimas. Poderia ser eu, você, nossos filhos”, afirmou.


Uma tia do rapaz, que também pediu para não ser identificada, diz que a família está “sofrendo muito” com toda essa situação. “A avó do Tiago é idosa e está passando muito mal. Os demais estão tão abalados que nem conseguiram trabalhar e nem sabemos como será daqui para frente. Estamos com medo de sofrer represálias”, disse.

Bárbara, Wanessa, Juliana, Janaina, Taynara e Isadora foram algumas das vítimas do suposto serial killer em Goiânia, Goiás (Foto: Arquivo Pessoal)Bárbara, Wanessa, Juliana, Janaina, Taynara e Isadora foram mortas este ano (Foto: Arquivo Pessoal)
 
De acordo com a tia, os pais do vigilante precisaram deixar a casa em que moram, no Conjunto Vera Cruz II, em Goiânia, por causa do assédio de populares. “Eles estão na minha casa, mas aqui a situação está ficando complicada também. Estamos muito assustados com tudo isso, com medo de sermos agredidos, ainda mais porque não acreditamos que ele [Tiago] tenha envolvimento com essa história de serial killer", ressaltou.

Mortes de mulheres
O primeiro crime da série de assassinatos contra mulheres em Goiânia ocorreu em 18 de janeiro deste ano, quando Bárbara Luiza Ribeiro Costa, de 14 anos, foi executada por um motociclista no Setor Lorena Park. A morte mais recente foi a de Ana Lídia Gomes, baleada em um ponto de ônibus no Setor Conjunto Morada Nova, no dia 2 de agosto. Um motociclista passou pelo local e disparou contra a garota, que não resistiu aos ferimentos.


Entre as outras mortes investigadas pela força-tarefa e que são atribuídas a Tiago estão a da dona de casa Lílian Sissi Mesquita e Silva, de 28 anos, em 3 de fevereiro, e a de Janaína Nicácio de Souza, de 25 anos, morta no dia 8 de maio. Todas as vítimas de série de assassinatos eram jovens, mas não tinham perfil parecido.

Mapa dos assassinatos em Goiás (Foto: Arte/ G1)
Ao contrário do que foi divulgado pela polícia no início das investigações, o delegado-geral da Polícia Civil, João Gorski, afirmou, na quarta-feira (15), que se trata de um caso de assassino em série."Eu acredito que é um serial killer. No começo, ele matava aleatoriamente. No fim, ele estabeleceu um padrão", afirmou.

De acordo com a polícia, dentre os demais crimes cometidos pelo homem, estão mortes de moradores de rua,  homossexuais e mulheres, cujas mortes eram investigadas pela força-tarefa desde o dia 4 de agosto.

Segundo a polícia, ele confessou 15 dos 16 homicídios apurados pela operação. Dois dos crimes investigados pela equipe não foram assumidos pelo homem: a morte de Danielly Garmus da Silva, 23 anos, e a tentativa de homicídio de Daiane Ferreira de Morais, 18.

Entretanto, conforme a polícia, ele confessou outras duas mortes de mulheres que eram apurados de forma independente e, após a confissão, a polícia os incluiu na força-tarefa. São eles os homicídios de Arlete dos Anjos Carvalho, 16, e de outra mulher identificada apenas como Edimila, mas que a polícia não detalhou o caso.

Os outros homicídios de mulheres não assumidos pelo homem, segundo Gorski, continuarão sendo investigados.

A polícia afirma que há cerca de um mês as investigações já apontavam para o suspeito como autor dos crimes, mas ele só foi preso na terça-feira (14), na Avenida Castelo Branco, na capital. Com o suspeito foi apreendida uma motocicleta. Na residência dele também foi apreendido um revólver calibre 38. A polícia não informa a quantidade de material apreendido nem suas características. O homem está detido na Delegacia Estadual de Investigação de Homicídios.


Casa do vigilante Tiago Henrique Gomes da Rocha, suposto serial killer de Goiânia, Goiás (Foto: Reprodução/TV Anhanguera) 
Família do vigilante saiu de casa após ele ser preso
(Foto: Reprodução/TV Anhanguera)
 
No ano passado, o Ministério Público Estadual ofereceu denúncia contra o suspeito por furtar uma placa de uma motocicleta no estacionamento de um supermercado de Goiânia. Imagens de câmeras de segurança mostram ele cometendo o crime.Também no ano passado, ele foi preso em flagrante em uma motocicleta com placa roubada, mas foi solto. O caso foi registrado no 5º Distrito Policial.

Segundo a Polícia Civil, o jovem foi identificado em imagens registradas por câmeras de segurança no último domingo (12), próximo à lanchonete em que uma mulher foi agredida por um motociclista. O caso foi incluído na força-tarefa. Segundo testemunhas, o motociclista de capacete vermelho atirou na jovem, mas a arma falhou. Então, ele deu um chute na boca dela.

Força-tarefa
Instaurada no dia 4 de agosto, a força-tarefa da Polícia Civil é formada por 16 delegados, sendo os nove da Delegacia Estadual de Investigação de Homicídios (DIH), três que atuam em outras delegacias e mais três do interior do estado. Além deles, 30 agentes e dez escrivães integram a equipe.

Segundo a polícia informou no início das investigações, os crimes tiveram dinâmica semelhante e em todos eles os autores foram motociclistas. Porém, a corporação dizia não acreditar na ação de um serial killer porque os veículos usados foram de marcas e cilindradas diferentes, além das descrições físicas dos suspeitos não serem as mesmas.

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