terça-feira, 28 de outubro de 2014

Mais de 300 páginas promovendo o ódio foram criadas nas redes sociais. R7 teve acesso exclusivo ao balanço das denúncias de crimes na internet no período eleitoral

REELEIÇÃO

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A exemplo do que aconteceu em 2010, a vitória da petista Dilma Rousseff, reeleita presidente da República no último domingo (26), deflagrou nova onda de ataques a nordestinos na internet. Em disputa acirrada contra o candidato Aécio Neves (PSDB), Dilma, que conquistou a preferência de 51,64% do eleitorado, teve votação expressiva em todos os Estados do Nordeste. Este resultado fez com que uma parcela dos internautas associassem a reeleição da candidata à região.

O R7 teve acesso, em primeira mão, ao balanço das denúncias de crimes de ódio nas redes sociais levadas à SaferNet Brasil, entidade que atua no combate a violações contra os direitos humanos na web e tem acordos de cooperação com a Polícia Federal e o Ministério Público Federal. O levantamento contempla todo o período eleitoral, compreendido entre 6 de julho e 26 de outubro (até às 23h59).

De acordo com a SaferNet, no último domingo, dia da divulgação do resultado final das eleições presidenciais, foram denunciadas 305 novas páginas, criadas nas redes sociais para promover discriminação, especialmente, contra os nordestinos. Este número representou um aumento de 662,5% na comparação com o mesmo dia em 2013 — na ocasião, foram denunciadas 40 novas páginas. Os dados indicam, ainda, um crescimento de 342,03% em relação ao primeiro turno das eleições. No dia 5 de outubro, quando foram conhecidos os resultados da primeira etapa da disputa presidencial, 69 novas páginas foram postas no ar com a finalidade de disseminar ódio.

Considerando também as denúncias duplicadas, a Safernet contabilizou no dia 26 de outubro um total de 421 registros.

Após vitória de Dilma, coronel Paulo Telhada, do PSDB, pede independência do Sul e do Sudeste

O levantamento da entidade mostra ainda picos de denúncias entre os dias 29 e 30 de setembro. Desta vez, o alvo do ódio foi majoritariamente a população LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Trangêneros). O gatilho teria sido, na análise da ONG (Organização Não Governamental), declarações do candidato do PRTB à presidência, Levy Fidelix, durante debate promovido pela TV Record, no dia 28. Em resposta à candidata Luciana Genro (PSOL), que perguntou sobre homofobia, Fidelix declarou que “dois iguais não fazem filho”. Em seguida, completou: “E digo mais. Desculpe, mas aparelho excretor não reproduz”.

No dia seguinte ao debate, 141 páginas foram notificadas à ONG, que recebeu 1143 denúncias (contando com as duplicadas). Já em 30 de setembro, foram 129 novas páginas e o total de 761 denúncias.

Racismo
O preconceito contra nordestinos é uma constante na internet. No dia 27 de setembro, após a vitória da cearense Melissa Gurgel no concurso Miss Brasil, demonstrações de ódio contra a população da região também se espalharam nas redes sociais, provocando a reação da OAB-CE (Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional do Ceará), que apresentou notícia-crime ao Ministério Público Federal.

Naquela ocasião, em entrevista ao R7, o presidente da Ordem, Ricardo Bacelar, explicou que estava configurado o crime de racismo. A pena para quem pratica o delito varia de um a três anos de prisão, além de multa. Se a infração for cometida com a utilização de meios de comunicação ou de internet — o que aumentaria o alcance da agressão —, a penalidade é agravada, variando de dois a cinco anos de prisão e multa.

— O racismo não é só destinado à raça. A lei do racismo, no artigo 20 [da Lei n.º 7.716/89], amplia o conceito de racismo. Então, quando se coloca qualquer tipo de preconceito, de insinuações de cunho discriminatório para tentar diminuir, por em uma situação desigual ou tentar ofender determinado grupo, isto é considerado.


Fonte: R7

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