PREPARATIVOS
Diego Hervani
diegohervani@gmail.com
Desde o final de setembro, 189 militares estão participando da fase de treinamento centralizado do 21º Contingente da Companhia de Engenharia de Força de Paz que está sendo realizado no 7º Batalhão de Engenharia de Combate, que fica localizado em Natal. Desse total, 177 serão enviados, a partir de 13 de novembro para o Haiti, onde farão parte da Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (MINUSTAH).
Inicialmente, 3 mil militares se inscreveram voluntariamente para participar da missão. Depois de processos de entrevistas, análises psicológicas, técnicas e de saúde, esse número foi reduzido para 189. O treinamento está agora na fase final, o chamado “treinamento centralizado” e que é dividido em três partes: nivelamento (1ª e 2ª semana), Estágio Básico e Estágio Avançado de Operações de Paz. No nivelamento, que está ocorrendo desde a semana passada, os militares passam por vários tipos de exercícios, como os dois que aconteceram nesta quarta-feira (15), quando a reportagem no Jornal de Hoje esteve no local.
O primeiro foi o de tiros. Os militares utilizaram armas de 9 milímetros e calibre 12. “O treinamento de tiro é essencial. Tanto que até nas análises técnicas, antes do treinamento centralizado, os militares passaram por uma análise na questão de tiro. Um militar que morre pela pátria é um amador. Profissional é o militar que mata pela pátria e é para isso que os militares são treinados nas Forças Armadas”, destacou o tenente-coronel Brion, que é o comandante do 21º Contingente da Companhia de Engenharia de Força de Paz. O outro exercício presenciado pela reportagem do JH foi o de salvamento aquático, que conta com apoio do Corpo de Bombeiros do Rio Grande do Norte.
Dos 189 militares que foram selecionados para a fase final do treinamento, 12 são do Rio Grande do Norte. Um deles é o soldado Vitorino, que é natural de Natal e desde 2012 está no Exército. “A experiência de poder ajudar outras pessoas é muito boa. Estou me dedicando ao máximo nos treinamentos para conseguir ficar entre os selecionados. É uma experiência que eu irei levar para o resto da minha vida”.
Durante os estágios, simulações de incidentes serão realizadas para treinar os militares em caso de terremotos, furacões e outros desastres naturais. A tropa também faz exercícios voltados para controle de distúrbios, uso de armamento não letal, desobstrução de vias e realização de abordagens; além das atividades da Engenharia comuns no Haiti, como perfuração de poços, navegação, lançamento de ponte e outras. Na última semana de treinamento, a tropa é avaliada pelo Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil, envolvendo figurantes e cenários que darão ao exercício elevado grau de realismo.
Trabalho no Haiti
O apoio internacional ao Haiti aumentou depois do terremoto catastrófico de 2010, que praticamente destruiu o país. A Companhia de Engenharia de Força de Paz, ou Brazilian Engineering Company (BRAENGCOY), faz parte dos contingentes que ajudaram na pacificação, obras de infraestrutura e superestrutura, como a construção de pontes, asfaltamento e recuperação de estradas, desobstrução de vias públicas e de cursos d’água, remoção de entulho e escombros, construção de escolas e perfuração de poços.
“É a primeira vez que eu participo da missão no Haiti, mas eu já estive outras três vezes no país, inclusive agora em setembro para analisar a situação. Hoje em dia os escombros praticamente não existem mais. A história do Haiti é uma história violenta. A violência faz parte da cultura do país. Ainda assim, o trabalho feito pelas Nações Unidas conseguiu diminuir esses índices. Hoje em dia existem cidades do Brasil com índices de violência maiores que o Haiti”, destacou Brion.
Apesar das melhorias, a violência continua sendo um dos principais problemas no Haiti. “Ainda existem gangues no país. Essas gangues trazem preocupação. O exército tem um poder de polícia limitado. Porém, hoje em dia, quando identificamos algum problema, nós podemos fazer o primeiro atendimento, mas a prisão é feita pela Polícia Nacional do Haiti (PNH), que antes não existia”, explicou o tenente-coronel.
Segundo Brion, nos próximos meses o objetivo das Nações Unidas é retirar os militares do país. “Quando o efetivo da PNH chegar em 15 mil, as Nações Unidas tiram os militares. Porém, o país ainda continuará com unidades policiais das Nações Unidas e policiais observadores militares. Eles ficam lá para analisar a atuação da PNH e também sugerir algumas ações para a polícia haitiana”.
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