quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Bandas ganham corpo na véspera da folia

CARNAVAL

Yuno Silva
Repórter

“De Redinha à Ponta Negra, Maracajau / Vou sorrindo, vou sonhando pra Jenipabu... Natal como te amo, como te amo Natal” cantou o saudoso Osmar Macêdo (1923-1997), da dupla baiana Dodô e Osmar criadora do trio elétrico, em meados dos anos 1980 quando morou em Natal. Hoje, uma versão atualizada da famosa letra certamente incluiria a Cidade Alta e a Ribeira no roteiro dessa folia. A duas semanas para início do Carnaval, a cidade já transpira frevo, marchinhas e samba nas prévias que pipocam no período, e nesta quintao movimento será por conta do Grêmio Recreativo Lítero-Etílico Cultural e Esportivo Banda Independente da Ribeira.

Eduardo Alexandre GarciaBloco Aponta desfila pelas areias de Ponta Negra com orquestra comandada pelo maestro NeemiasBloco Aponta desfila pelas areias de Ponta Negra com orquestra comandada pelo maestro Neemias

A Banda realiza seu terceiro e penúltimo ensaio aberto  logo mais, a partir das 19h, na Travessa José Alexandre Garcia, em frente ao Ateliê Bar e Petiscaria. Comandados pelo maestro Antônio de Pádua, os músicos estão no aquecimento antes de ganhar as ruas da Cidade Alta (em cortejo até a Ribeira) na próxima sexta, dia 6 – claro que, como não poderia deixar de ser, depois do último ensaio aberto marcado para quinta (5).

Pelo menos outras quatro prévias esquentam as turbinas dos foliões: no sábado (31), a partir das 14h, o Espaço Cultural Ruy Pereira (Beco de Zé Reeira/Prof. Zuza, centro) recebe shows de Rodolfo Amaral e Jaina Elne mais orquestra de frevo na festa do Bloco dos Servidores do Estado (Carnasinsp). Já na terça-feira (3 de fevereiro), em Ponta Negra, o Bloco Aponta faz sua prévia na pizzaria Curva do Vento com muito frevo; enquanto o Coletivo Atores à Deriva promove festa pré-carnavalesca n’A.Bo.Ca Espaço de Teatros (Rua Frei Miguelinho) com música ao vivo e discotecagem. E dia 8 tem a prévia das Kengas, no Bardallo (Cidade Alta).

“A Banda Independente da Ribeira não é um evento”, ressaltou o arquiteto Haroldo Maranhão, um dos diretores da agremiação lítero-etílica cultural e esportiva. “Trata-se de um movimento cultural que se preocupa com a revitalização do bairro histórico, usamos o Carnaval como veículo de educação patrimonial. Nosso grande compromisso é com a poética e a memória da Ribeira”.

Criada em 1999 por sugestão do empresário Leonardo Godói, justamente para chamar atenção para os projetos descontinuados de revitalização da Ribeira, a Banda também é conhecida pelo cuidado com a qualidade musical. “Ao longo desses 17 anos acredito que contribuímos na formação de novos maestros e toda uma geração de instrumentistas. A pegada de regente do (trombonista) Gilberto Cabral, por exemplo, foi revelado na Banda Independente”, lembrou Maranhão. A Banda de 30 músicos sai com patrocínio cultural do Sesc-RN e apoio do Ateliê e da empresa de transporte Cidade do Natal.

“Este ano preferimos não sair durante o Carnaval. Como o edital da Prefeitura para apoio aos blocos saiu muito em cima, e nossa prestação de contas de 2014 ainda não foi plenamente aprovada, queremos evitar contratempos”, avisa. Camisas da Banda estarão à venda durante o ensaio no Ateliê.

Falando em edital, a Prefeitura/Funcarte informou que o resultado com a lista completa com o nome dos blocos, bailes, festas, Escolas de Samba e Tribos de Índios que serão contemplados com ajuda de custo está prevista para ser anunciada na próxima segunda-feira (dia 2).

Frevo à beira mar
Pelo terceiro ano consecutivo, o Bloco Aponta agita a prévia em Ponta Negra. Criado por amigos interessados em levar a folia para a praia que costumam frequentar, o bloco ganha fôlego a cada ano e atrai um número crescente de pessoas que aproveitam a maré baixa para seguir frevos e marchinhas sob a batuta do maestro Neemias Lopes. “Teremos uma prévia da prévia nesta próxima terça (3), na Curva do Vento, e a saída oficial no sábado (7) com concentração a partir das 10h em frente ao Hotel Manary”, disse Henrique Wanderley, um dos idealizadores.

Henrique contou que deixou de ir com frequência para o Carnaval de Olinda para aproveitar a festa em Ponta Negra. “É o grande ‘point’ do Carnaval. Até uns anos atrás o movimento era pequeno em Ponta Negra, mas a Prefeitura vem investindo e hoje me divirto por aqui sem problemas”, garante. Ele recorda que no primeiro ano (2013) Aponta atraiu cerca de 750 pessoas, ano passado a aglomeração subiu para 2 mil e para 2015 a direção do bloco espera reunir perto de 4 mil pessoas. “Estamos nos preparando para isso, a banda (de 30 músicos) do maestro Neemias está afiada”, adianta. Vale registrar que o incremento musical contou com recursos (ainda não pagos) do Fundo Municipal de Incentivo à Cultura – FIC. “Disseram que o dinheiro do FIC está para sair na próxima semana, vamos aguardar”. O Bloco vende camisetas para cobrir parte dos custos, à venda no Benditas Buteco, Banca Atheneu, Curva do Vento, Old Five e na floricultura Flor de Algodão.

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