INSALUBRIDADE
Roberto Campello
Roberto_campello1@yahoo.com.br
Quem trafega pela Avenida Moema Tinoco da Cunha, na zona Norte de Natal, na altura do conjunto Novo Horizonte, no Pajuçara, talvez não conheça a Rua Tenente Sousa. Mas se perguntar pela “Rua da Lama” muitas pessoas conseguem identificá-la. A rua ficou conhecida dessa forma, porque há pelo menos cinco anos sofre com um buraco que foi formado no meio da rua, com quase dez metros de largura. Hoje, o local já tem dois metros de profundidade, tomado por lama e esgoto. Em função disso, é comum acontecerem acidentes no local. Além disso, os moradores reclamam do mau cheiro, insetos e roedores que se proliferam em função do esgoto a céu aberto que se formou na rua. Outros, cansados de esperar pela solução do problema, já abandonaram suas casas.
A dona de casa aposentada Raimunda Gomes mora a poucos metros do buraco, mas reclama dos problemas causados diariamente. Ela relata que já presenciou vários acidentes, inclusive de uma Kombi que afundou e um carro que caiu e teve perda total. Ela conta que é comum motoqueiros caírem no buraco. Só ontem (28) à noite foram dois acidentes. A escuridão da rua, à noite, propicia ainda mais o número de ocorrências no local. Durante o dia, os motoqueiros se arriscam em passar pelas calçadas estreitas.
“Dias desses uma menina escorregou e caiu, quase ia morrendo afogada. É um risco constante para quem mora e passa pelo local. No dia que decidirem resolver esse problema vão encontrar vários celulares e documentos ai dentro, pois é o que mais perdem ai”, relata a moradora Raimunda Gomes.
A aposentada conta que na rua passava duas linhas de ônibus e uma de alternativo, mas em função do buraco, o itinerário dos ônibus foi modificado. “Agora, para sairmos de casa temos que pegar ônibus ou no Parque das Dunas ou no Pajuçara e as duas opções são bem distantes. Além de todo o risco, ainda temos que passar por mais esse transtorno. A situação já está insuportável e vem se arrastando ano após ano e ninguém faz nada”.
A situação da dona de casa Liedja da Silva é ainda mais complicada. O buraco fica localizado em frente a sua residência. Ela teme que com a chegada do período chuvoso, a cena que já acontece há cinco anos, volte a se repetir este ano. “Eu já cheguei a sair com meus móveis na cabeça. Já perdi muita coisa aqui por conta dessa situação. Quando eu estou na rua, basta chover um pouco que eu paro tudo e volto correndo pra casa, pois o pior pode acontecer a qualquer momento”, desabafa a moradora.
“Nós moramos em um verdadeiro rio de lama e por esse trecho ser mais baixo, quando chove, vem água dos dois lados da rua e concentra tudo aqui na frente da minha casa. Isso não é uma situação para ser humano. Isso é uma situação para porco. É assim como eu me sinto, pois é assim que estou sendo tratada”, disse Liedja Silva que mora em casa com o esposo e três filhos pequenos. “Estamos pedindo socorro porque não dá mais para continuar desse jeito”.
Liedja Silva conta que mosquitos, ratos e muriçocas já são moradores das residências ao redor do buraco. “Temos que conviver com isso e com os problemas de saúde”. Além disso, ela diz que já procurou as secretarias de Meio Ambiente e Urbanismo (Semurb), de Obras Públicas e Infraestrutura (Semov), Urbana e Caern, mas ninguém deu uma solução ao problema. “Não estamos querendo procurar culpados. Queremos que alguém assuma a responsabilidade e resolva isso definitivamente”.
O porteiro Daniel de Sousa mora Há dois anos em frente ao buraco e conta que já perdeu a esperança de ver o problema resolvido. Ele diz que tem vergonha de chamar algum amigo ou familiar para a casa dele, pois para entrar em sua residência tem que passar pela lama que se forma em frente. “É muito constrangedor e vergonhoso moramos numa situação como essa. A lama podre incomoda no odor e nos problemas de saúde”.
A assessoria de imprensa da Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (Caern) informa que, como a região não tem esgotamento sanitário, a Companhia não tem responsabilidade sobre a rua. O que pode acontecer, de acordo com o órgão, são ligações irregulares que podem estar jogando água suja para a rua. Neste caso, a responsabilidade é da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo (Semurb), a quem compete fiscalizar e punir as ligações clandestinas de esgotos.
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