sábado, 31 de janeiro de 2015

Governo prepara medidas para evitar apagão elétrico

ENERGIA ELÉTRICA

Rio (AE) - Apesar de descartar o risco de um apagão no País o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, admitiu ontem que o governo prepara medidas de economia de energia a serem lançadas em 60 a 90 dias. A adoção das ações coincidirá com o fim do período de chuvas, quando especialistas acreditam que possa ser decretado o racionamento de energia. “Vamos lançar um programa de eficiência energética que com certeza vai ter um impacto muito positivo. Estamos trabalhando nisso e esperamos que nos próximos 60 a 90 dias tenhamos um conjunto de ações”, disse Braga na sede do Operador Nacional do Sistema (ONS), onde discutiu medidas com o órgão, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Alex RégisCom dificuldade para abastecer o mercado, governo apela para o consumo racional de energiaCom dificuldade para abastecer o mercado, governo apela para o consumo racional de energia

A ideia é incluir no pacote um prêmio para a eficiência energética. A fórmula ainda está em estudo, mas não passará pelo uso de incentivo fiscal. Segundo o ministro o programa vem sendo discutido com o setor há alguns dias. A previsão divulgada ontem pelo ONS indica que em fevereiro as chuvas no Sudeste e Centro-Oeste, responsável por 70% da capacidade de armazenagem do País, alcançarão apenas 52% da média histórica. Mesmo assim, Braga descartou a ocorrência de um novo apagão. “Sinceramente não vejo risco”, afirmou. 

 Mais cedo, o ministro classificou como “desafiadora” a situação do fornecimento de energia e destacou que o principal desafio hoje são os horários de pico no setor, que se deslocou do fim do dia para entre 14h e 16h. Segundo ele, o ONS e a Aneel têm feito remanejamentos para garantir o abastecimento, chegando a obter 5 mil MW de folga no sistema interligado nacional. A sobra, entretanto, não impediu o corte de carga no Sudeste e Centro-Oeste no dia 19. “Energia nós temos. O problema é quando temos os picos de demanda. De qualquer forma há uma crise hidrológica que também afeta o setor elétrico”, afirmou.

Questionado sobre qual seria o limite do governo para decretar racionamento, Braga disse que tudo depende das condições hidrológicas, mas destacou que ainda há manobras disponíveis para assegurar o abastecimento, como a importação de energia da Argentina, o acionamento da termelétrica de Uruguaiana e de uma nova rede de transmissão no Rio Madeira, a partir de fevereiro.

O diretor geral do ONS, Hermes Chipp, reconheceu que a margem de manobra sem chuvas é pequena. “É um desafio mesmo, porque não tem margem. Só uma medida ou outra. O grande vilão agora é a chuva”, disse. Sem falar em racionamento, Chipp admitiu que a demora para agir pode levar a cortes mais drásticos.

O ministro Eduardo Braga participou da reunião do conselho do ONS, que reúne empresas dos segmentos de distribuição, geração e transmissão. Segundo ele, o governo cobrou das empresas a solução de questões como o atraso em obras e ouviu reivindicações. O governo marcou uma outra reunião para reavaliar o cenário do setor elétrico no próximo dia 12, em Brasília.

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