A SANGUE FRIO
A busca pelo taxista André Ricardo dos Santos, de 26 anos, desaparecido desde setembro de 2014, terminou da pior maneira na noite dessa quinta-feira (29). O corpo dele foi encontrado em uma cova improvisada nas dunas de Pitangui, no município de Extremoz, na Grande Natal. O suspeito do crime era conhecido da vítima e também responsável por assaltar uma loja de roupas em Morro Branco.
Caio Victor de França, de 23 anos, foi preso na manhã de quinta-feira e, logo em seguida, confessou que participou do assassinato de André Ricardo. “Eles nos mostrou exatamente onde estava a cova do André. Se ele não nos tivesse passado a informação, provavelmente nós nunca teríamos encontrado o corpo do André”, disse o delegado Ben Hur Medeiros, titular da Delegacia de Capturas (Decap), durante entrevista coletiva na manhã desta sexta-feira.
André desapareceu na noite do dia 25 de setembro passado, quando recebeu um telefonema para fazer uma corrida até Pitangui. “O Caio Victor conhecia o André. Quando os dois chegaram em Pitangui, o Caio mandou o André descer. Tanto que o carro não tem manchas de sangue. Ele deu o primeiro tiro na perna, depois quatro no tórax e outro na cabeça”.
A cova onde André foi enterrado tinha mais de 1 metro de profundidade e foi feita antes do crime, que pode ter acontecido por acerto de contas. “Na verdade o Caio falou que a cova foi cavada antes, ou seja, o crime foi todo premeditado. O Caio nos relatou que o André devia mais de R$ 2 mil para ele e que o matou por causa de um acerto de contas, mas ele não falou que tipo de dívida era essa”, disse Ben Hur, que agora investiga se o crime ocorreu por causa do tráfico de drogas. “Nós sabemos que o Caio Victor também traficava drogas na região. Ou seja, ele era assaltante, traficante e também assumiu um assassinato. Contudo, essa questão do tráfico de drogas é algo que nós ainda iremos investigar.
De acordo com o delegado, o corpo de André praticamente era apenas uma “ossada”. As pernas dele estavam amarradas com um cinto, que era do próprio André. “O Caio Victor foi muito frio. No depoimento, em nenhum momento ele demonstrou arrependimento e detalhou exatamente o que aconteceu”.
A mãe da vítima, a aposentada Luzia Ribeiro dos Santos, de 75 anos, disse que já “sentia” que o filho estava morto. “Eu rezava todos os dias para que esse sofrimento acabasse, mas eu sabia que ele estava morto. Até por isso estou conformada. É uma tristeza muito grande para mim. Na verdade, ele é meu neto, mas minha filha não tinha como criá-lo e eu que o criei desde pequeno, por isso, o considerava como um filho. É uma tristeza muito grande, mas não tem mais nada que possa fazer”.
Luzia ainda afirmou que, em várias oportunidades, pediu para que o filho não aceitasse essas viagens no período da noite. “Esse carro que ele andava era alugado de um outro filho meu. O André sempre fazia essas viagens noturnas. Ele disse que ganhava mais dinheiro assim. Mas eu cansei de pedir para ele deixar de fazer essas viagens. Falei que era perigoso, que era melhor ele ficar em casa. Mas ele não me atendeu e, infelizmente, tiraram a vida do meu filho”.
Por fim, a senhora lembrou da última vez que viu o filho com vida. “Ele era junto com uma mulher e tinha uma filha de quatro anos. A mulher dele teve outra menina. Aí ele veio me contar que iria fazer essa corrida para Pitangui. Eu falei para ele não ir, para ele ficar em casa com a filhinha dele, mas ele disse que precisava do dinheiro. Chamaram o meu filho para a morte”.
Suspeito de outros crimes
Apesar de ter confessado participação no assassinato, a Polícia Civil só conseguiu chegar até Caio Victor por outro crime que ele cometeu. Também em 2014, o acusado e mais dois comparsas assaltaram uma loja de roupas em Morro Branco. “Os delegados sempre se comunicam. Eu estava investigando Caio Victor, mas não tinha informações suficientes para prendê-lo. Mandei a foto dele para outros delegados e Herlânio (titular da Furtos e Roubos) disse que o Caio aparecia em um vídeo de um assalto a essa loja”, explicou Ben Hur.
Com as novas informações, nessa quinta a polícia deflagrou a “Operação Roupa Nova”, que culminou com a prisão de Caio Victor e também de outro comparsa que aparece nas imagens das câmeras de segurança do estabelecimento. “O prejuízo da loja foi de mais de R$ 20 mil. No momento da prisão, Caio estava vestindo uma das camisas que ele levou da loja. Na residência dele também tinham outros produtos. Ele disse que ficou com três sacolas do roubo e conseguiu vender os produtos por R$ 600″, disse Herlânio Cruz.
O comparsa de Caio Victor, que foi preso e identificado pelas vítimas, não teve o nome divulgado pela polícia. O outro bandido ainda não foi identificado. “Também prendemos a Gislaine Oliveira, de 18 anos, que era companheira do Victor. Ela foi presa por interceptação, já que ela estava na residência no momento da prisão”.
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