sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Parada abandonada acumula todo tipo de lixo no bairro das Rocas. Sensação de quem passa pelo lugar é de abandono. Urbana diz que própria população suja o local

PARECE MENTIRA

Foto: José Aldenir
Foto: José Aldenir

Marcelo Lima
marcelolimanatal@yahoo.com.br

O que deveria ser um abrigo para os passageiros do transporte público no bairro das Rocas, zona Leste de Natal, transformou-se em um depósito de lixo irregular localizado na rua Ferreira Itajubá. Quem tem que aguentar as consequências desse problema de perto afirma que a população que vem de outras áreas do bairro contribui para a sujeira em espaço público.

Um desses cidadãos é o borracheiro Thiago Santos Ramos. Há dez anos quando chegou no bairro, ele logo montou uma oficina de bicicletas dentro da estrutura de uma cigarreira vizinho a parada de ônibus. “Hoje está limpo porque um caminhão passou logo cedo e levou. Mas tem dias que fica uma montanha. Desde que eu cheguei aqui é assim”, contou.

O nível do solo da calçada por trás da parada é cerca de oito metros mais alto do que o nível da rua Ferreira Itajubá. Nessa calçada mais alta há uma vila de casas de onde também vem muito lixo. Segundo Thiago, como os moradores dessa vila não sentem as consequências do lixão, como o mau cheiro e os insetos, eles se mantêm usando os arredores da parada de ônibus como lixão.

“Tem horas que eu saio daqui porque o fedor é grande, mas eu tenho que aguentar porque o comércio é meu”, acrescentou o borracheiro. Ainda segundo ele, quando o lixo se acumula por muito tempo, os ratos não lhes deixam cumprir suas funções corretamente. “Quando não vem gente pegar o lixo, os ratos correm tudo pra cá”, lembrou.

Ainda segundo o borracheiro, hoje pela manhã havia passado um caminhão para recolher o lixo não domiciliar. “Aí o pessoal joga de tudo, é madeira, galho, rato podre, gato podre. Tudo que não presta”, exemplificou. Apesar da limpeza no início da manhã de hoje, sacos de lixo já começavam a se acumular novamente. Restos de fraldas, papel higiênico usado, plásticos e chorume – substância líquida e gordurosa liberada por lixo em decomposição – compunham o cenário do ponto de ônibus.

Além disso, a parada não possui mais proteção alguma contra sol ou chuva. As ferragens que sobraram e o banco estão enferrujados. “O pessoal que vem pegar ônibus nem fica mais parada de tanto lixo. Ela também não serve mais para nada. Ficam na sombra do meu comércio”, contou Thiago Ramos. Outro abrigo improvisado para os momentos de sol é uma árvore localizada na outra margem da rua. Quando os passageiros observam que o seu ônibus se aproxima, atravessam a rua às pressas.

O borracheiro recordou também do momento mais crítico do lixão da parada. “Teve um mês que chegou a formar um morro de lixo na altura dessa rua de trás e acabaram tocando fogo. Chegou até a queimar uma parte da parada”, disse. Ainda segundo ele, o fato ocorreu ainda durante o último ano da gestão Micarla de Sousa, quando Natal passou por uma crise de coleta de lixo. Na ocasião, cidadãos revoltados com o acúmulo de lixo por toda a cidade levaram sacolas de lixo para a rua Ulisses Caldas, em frente ao Palácio Felipe Camarão, para protestar contra a suspensão do serviço executado por empresas terceirizadas.

Educação
Thiago já perdeu a paciência ao lidar com as pessoas que sujam o espaço público vizinho a sua oficina. “Eu falo com o pessoal, mas não adianta. Quem vai brigar por causa de lixo?”, disse. Para ele, haveria a necessidade de um fiscal da Companhia de Serviços Urbanos (Urbana) para evitar que o lugar fique sujo depois de uma limpeza juntamente com a aplicação de multa. “Aí o pessoal ia ficar com mais medo de fazer essa seboseira”.

Urbana
O diretor de operações da Urbana, Glauber Nóbrega, informou que a região possui coleta de lixo domiciliar regular três vezes por semana e o bairro ainda possui um caminhão para a coleta de outros tipos de lixo circulando pelo bairro. “Mas a população continua sujando. É muito fácil apontar o dedo e dizer que a culpa é da Urbana, quando na verdade a falta de consciência da população causa esse problema”, disse.

Ainda segundo ele, a Urbana investe 1/5 do seu orçamento anual para atividades que poderiam ser evitadas se a população depositasse o lixo no momento correto e se tivesse o cuidado de dar a destinação correta para o lixo não domiciliar. Nóbrega também contou que há programas de educação ambiental para a população, mas devem ser solicitados pela população para a sua realização.

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