terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

ONG lança campanha pedindo a regulamentação de ZPA no rio Potengi. Mangues vêm sendo devastados por construções irregulares, queimadas, retirada ilegal de madeiras e despejo de resíduos domésticos

SALVE OS MANGUES

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Preocupados com o avanço da degradação nos manguezais em Natal, as organizações não-governamentais Baobá e SOS Mangue lançaram a campanha “Salve os mangues do Potengi” na última quarta-feira (28), pedindo a regulamentação da área do ecossistema da Zona de Proteção Ambiental (ZPA 08). Esta foi definida em 1994 como ZPA do Ecossistema Manguezal e Estuário do Potengi/Jundiaí, cabendo ao Plano Diretor de Natal de 2007 a definição de suas coordenadas geográficas.

Segundo o coordenador da Baobá, Haroldo Mota, apesar dela ter sido criada há mais de 20 anos, ainda não foi regulamentada, o que impede a proteção e garantia efetiva de sua integridade. Uma das consequências é a constante devastação provocada pela ação do homem, que vem diminuindo a área total do manguezal e causando danos irreparáveis ao ecossistema nativo.

“Estamos pedindo ao governo estadual que faça um estudo sobre a situação atual da região, que possui pouco mais de 2,2 mil hectares, principalmente do lado da zona Norte de Natal, para que sejam estabelecidas as metas de preservação e cuidados que devem ser levados para, progressivamente, eliminar os pontos de devastação e as interferências negativas feitas pelo homem”, explicou.

Ele disse que a degradação atingiu níveis preocupantes nos últimos anos e exemplificou as constantes queimadas irregulares e os cortes de madeiras ilegais como situações que vêm ocorrendo atualmente. E denunciou também as construções irregulares, descartes de esgotos e resíduos domésticos, exploração do mangue para atividades como atividades portuárias, carcinicultura e instalações de indústrias que aumentam a poluição do rio.

“É nessa região que diversas espécies de peixes e crustáceos se reproduzem e onde há vegetações nativas importantes para a manutenção do ecossistema do manguezal, mas que infelizmente, vem sendo destruído ao longo dos anos, causando perdas e fragmentação do habitat de alto impacto. E isso tem acarretado não apenas a degradação ambiental, mas também inúmeros e grandes prejuízos sociais e econômicos”, falou Haroldo.

Área inserida em Natal
Com pouco mais de 2,2 mil hectares, dividido em dois setores A e B, a área de manguezal incluída na ZPA 08 representa 13,11% do território natalense e está localizada entre as proximidades do Porto de Natal e o bairro do Bom Pastor, na zona Oeste. Segundo Haroldo Mota, a preservação e proteção dele é importante ainda para a sobrevivência humana, já que os mangues são grandes absorvedores de gás carbônico.

“A segurança do clima também depende do estado em que ele se encontra. Outra preocupação que surgiu nos últimos anos é com relação ao avanço do nível do mar dentro do mangue, que é explicado pela ação direta do homem nos oceanos. Infelizmente, há uma série de problemas corriqueiros hoje que contribuem muito para a degradação e devastação do ecossistema”, afirmou.

Ele disse que, paralelo à campanha “Salve os mangues do Potengi”, realizado em Natal, o Governo Federal lançou na última sexta-feira (30) o Plano de Ação Nacional de Proteção de Biodiversidade do Manguezal. No Rio Grande do Norte, ele atenderá a área compreendida entre Grossos a Galinhos. “É um terreno enorme e que tem histórico em desenvolvimento sustentável importante para o Estado”, disse.

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