JÁ ERA
Foto: José Aldenir
Diego Hervani
diegohervani@gmail.com
Ao invés de ganharem mais proteção contra os bandidos, a população de Natal segue sendo penalizada com a falta de investimentos na segurança durante os últimos anos. Um bom exemplo é o que ocorre no bairro da Redinha, um dos bairros que apresentam mais quantidades de assaltos na capital potiguar. Desde o final do ano passado a 13ª Delegacia de Polícia, que funcionava na região, foi fechada e deixou várias pessoas sem atendimento.
A reportagem do Jornal de Hoje esteve na manhã desta segunda-feira (2) e encontrou um local sem nenhuma identificação de que ali um dia funcionou alguma delegacia. Além disso, não existe nenhuma informação de onde a população deve procurar atendimento. “Todos os dias várias pessoas vêm aqui procurar atendimento e dão de cara com o local fechado. Eu soube que a delegacia está funcionando na zona Norte, mas não foi passado nada para a população. Um dia os policiais simplesmente pegaram as coisas e foram embora”, relatou Jorge Francisco, morador da Redinha e que tem um comércio bem próximo da rua sem pavimentação onde funcionava a 13ª DP.
A informação recebida por Jorge Francisco realmente está correta. A 13ª DP está funcionando juntamente com a 9ª DP, na rua Campo Maior, conjunto Panatis, também na zona Norte de Natal. “Isso é um absurdo. Um bairro como esse não pode ficar sem uma delegacia. Muita gente não tem condições de ir onde a delegacia está funcionando agora. Quem usa ônibus, além de não ter atendimento na Redinha, tem que ir bater em outro bairro para ser atendido”, reclamou Luzia Sabino, que ainda recordou que até policiais já foram na 13ª DP e “sobraram”. “Nós que informamos para eles que a delegacia tinha fechado e que agora está funcionando em outro local. Nem mesmo os policiais entendem o que está acontecendo”.
Jorge Francisco também destacou que os criminosos agora estão se sentindo mais “tranquilos”, já que policiamento que toma conta da região não consegue atender a demanda. “Se eu falar que não tem policiamento, eu estarei mentindo. A viatura da PM sempre passa por aqui. Mas o problema é que quando ela passa para um lado, o outro fica sem policiamento por um bom tempo. Aí é quando os bandidos assaltam. Quando a delegacia funcionava aqui, a situação era um pouco melhor, pois era mais fácil de falarmos com os policiais”.
O local onde funcionava a 13ª DP foi fechado algumas vezes pela Defesa Civil em 2014, que alegou que o espaço não tinha a estrutura adequada para servir como uma delegacia, pois apresentava piso esburacado, partes do teto estavam caindo, madeiras que faziam parte da cobertura do anexo estavam podres e cheias de cupins. Porém, o proprietário do imóvel, o senhor José Correia de Oliveira, que alugou o local para o Estado, tem uma versão diferente. “O que aconteceu é que os próprios policiais acabaram com a casa. Eu entreguei isso aqui todo arrumado e eles estragaram. O Governo sempre me ligava falando de algum problema na casa. Quando eu chegava, era algo que os próprios policiais tinham feito”, frisou José Correia, que ainda disse teve prejuízo para reformar a residência. “Gastei cerca de R$ 5 mil para reformar tudo o que estragaram aqui”.
Ainda segundo o homem, o Governo deve quatro meses de aluguel e que por isso ele resolveu não alugar mais o imóvel para o Estado. “Eu aluguei para o Governo por uns seis anos e esses atrasos sempre aconteceram. Então é muito complicado. A pessoa fica estressada, pois tem que ficar procurando um monte de gente para resolver. Fica gastando muito tempo para resolver a situação. Prometem que vão pagar em um dia, mas quando esse dia chega, eles não pagam. Não quero mais isso”.
Para saber da situação da DP da Redinha, o JH entrou em contato com a Delegacia Geral da Polícia (Degepol) e a resposta não foi muito boa para a população. Gustavo Santana, diretor administrativo da Polícia Civil, disse que não existe um prazo para que a DP volte para o bairro. “O dono do local onde funcionava a DP não quis mais alugar. Procuramos alguns outros prédios no bairro, mas sempre que o proprietário ficava sabendo que era para o Estado, ele desistia de alugar. Então estamos procurando um prédio, se alguém estiver interessado em alugar para o Estado, pode ligar para o 3232-4065, que é do setor administrativo da Degepol”.
Para acabar com essa situação, Gustavo Santana disse que existe a possibilidade de que o Estado construa a delegacia em um terreno próprio. “Existe essa possibilidade, de recebermos um terreno quando as obras do Pró-Transporte terminarem. Mas isso é algo que leva tempo, por isso continuamos atrás de alugar algum prédio que possa servir como delegacia”.
Investimento em outras delegacias
A situação da delegacia não é muito diferente de outras de Natal. Nas quintas, por exemplo, a 7ª DP, que atendia ao bairro, foi fechada em 2013. O prédio atualmente serve como depósito de lenha de uma padaria particular, que funciona bem ao lado do espaço. “Já arrombaram aqui umas três vezes. Isso logo depois que nós fechamos. Também já assaltaram aqui duas vezes durante o dia. Ficávamos abertos até umas 21h, mas decidimos que era melhor fechar mais cedo. A situação aqui é ruim o dia todo, mas depois das 20h, a coisa fica ainda pior. Agora, o terreno da delegacia virou meu depósito. Coloquei alguns cadeados e fico com as chaves. Deixaram isso aí todo abandonado, então tive que fazer alguma coisa”, disse o homem.
Gustavo Santana adiantou que a 7ª DP será reaberta nos próximos meses, além da 5ª DP, em Lagoa Nova. “Também iremos reformar as DPs da Cidade Alta (1ª DP), Brasília Teimosa (2ªDP), Alecrim (3ª DP), Mãe Luíza (4ª DP), Pajuçara (6ª DP), Santarém (12ª DP) e Felipe Camarão (14ª). Algumas dessas reformas já estão em andamento. Mas isso não depende apenas da Polícia Civil. Quando vamos fazer alguma reforma, ou então alguma construção, tudo tem que passar pela Secretaria de Infraestrutura, por isso pode demorar um pouco. Mas estamos trabalhando e já temos alguns recursos disponíveis para essas obras”.
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