Prédio de quatro andares desaba no Centro do Rio

Prédio de quatro andares desabou na Travessa do Liceu, próximo à rua do Acre Foto: Fernando Quevedo / Agência O Globo

DESABAMENTO NO RIO

O Globo

Um prédio de quatro andares desabou na Travessa do Liceu, no Centro do Rio, no início da madrugada desta segunda-feira, próximo à Rua Acre. O desabamento aconteceu logo depois da forte chuva que atingiu a cidade. Equipes do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil utilizavam, até às 5h, um trator e uma retroescavadeira para retirar os entulhos do edifício e verificar se possíveis vítimas estariam soterradas. Havia informações de que pedreiros estariam dormindo no local, pois uma obra era realizada no prédio para a construção de novos andares. Entretando, às 6h, a Defesa Civil confirmou que ninguém estava dentro do imóvel durante o desabamento.

De acordo com o subsecretário de Defesa Civil, Márcio Motta, os agentes estão acompanhando os trabalhos e um estudo de impacto mais detalhado será feito pela manhã.

— Estamos primeiramente fazendo um trabalho para remover os entulhos para desobstruir a área que dá acesso ao interior do prédio. A princípio, as edificações vizinhas não sofreram nenhum abalo, mas iremos fazer uma vistoria mais detalhada pela manhã — disse Márcio Motta.

Não há feridos, segundo Corpo de Bombeiros Foto: Fernando Quevedo / Agência O Globo

Nenhum responsável pelo imóvel compareceu até o momento no local. Segundo o subsecretário, o responsável poderá responder pelo crime de desabamento, que prevê pena de até um ano de detenção.

Toda a parte de interna do prédio está destruída. O primeira andar abrigava um bar e no segundo pavimento tinha uma lan house, onde também funcionava uma pensão. Parte dos escombros atingiram o telhado de uma academia que fica ao lado do prédio, mas, segundo a Defesa Civil, a estrutura não foi abalada. Um edifício de oito andares, que também fica do outro lado do imóvel desabado, não foi atingido. Mesmo assim, a Defesa Civil informou que irá vistoriar os imóveis no entorno do 

desabamento e fazer uma análise mais precisa pela manhã. A circulação na travessa está bloqueada.

Moradores de prédios vizinhos relataram que ouviram um forte barulho e viram muita fumaça.
— Em um primeiro momento não entendi o que estava acontecendo, pois não dava para ver o prédio desabado. Somente um enorme bola de fumaça branca tampando o prédio. Achei que fosse um incêndio, mas quando a fumaça se apromximou da nossa janela percebemos que era uma fumaça de poeira e não de algo que estivesse pegando fogo — relatou o comerciante José Barbosa, de 28 anos, que mora no sétimo andar de um prédio vizinho.

Área foi isolada pela Defesa Civil Foto: Fernando Quevedo / Agência O Globo

Já o mestre de obras Dorival Monteiro, que também mora na região, diz que o barulho foi ensurdecedor:

— Estava aqui na esquina conversando com uns amigos quando escutamos um estrondo. Parecia um raio que tinha acertado um local aqui perto. Quando chegamos na travessa, estava tudo abaixo — disse.

Segundo moradores que preferiram não se identificar, o local funcionava como uma hospedaria há três anos, quando o dono do imóvel morreu. O edifício, conhecido como "casa das bonecas", teria ficado sem proprietário. Eles denunciam que nos últimos dois anos o dono de um bar que funcionava no primeiro pavimento estaria realizando uma obra irregular, sem autorização, para aumentar o número de andares.

Um dos moradores da região afirmou que nos últimos dias diversas caçambas de entulhos foram retiradas do prédio.

- É uma obra que já dura dois anos. Nunca a fiscalização veio olhar e tem sempre um pedreiro que entra e sai bêbado desse prédio — relatou uma das testemunhas.

Ainda de acordo com o subsecretário de Defesa Civil, Márcio Motta, não há informações precisas sobre o tipo de obra que estava sendo feita no local.

- É uma obra que estava levantando outros andares. Mas não dá para saber ao certo ainda quantos pavimentos essa obra pretendia levantar. Isso tudo será investigado - disse.