segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Previsão de aumento no preço da gasolina motiva natalenses a procurar por conversão a gás natural. Diante dos constantes reajustes da gasolina, o gás natural é alternativa

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Foto: José Aldenir
Foto: José Aldenir

Marcelo Lima
marcelolimanatal@yahoo.com.br

O reajuste do preço da gasolina a partir deste domingo já aumentou a procura por adaptação de veículos para gás natural. “A procura aumentou, mas ainda não a efetivação do serviço. As pessoas estão procurando por orçamentos, como se fosse uma preparação para mudar”, disse Gilvan Barreto, um dos sócios de uma empresa convertedora de combustível em Natal.

Antes do anúncio do aumento no preço da gasolina, a média de procura por orçamento era de um cliente ao dia na segundo Gilvan. Agora esse número, já chega a seis diariamente. Como em toda decisão, os prós e os contras para uma mudança desse porte no carro devem ser analisados caso a caso.

Para o taxista Wagner Paulo de Oliveira, de 32 anos, o uso de gás natural é uma vantagem. “Se eu fosse trabalha com gasolina, eu ia trabalhar para o posto”, disse em relação à economia.

Só a comparação bruta dos preços nas bombas já é vantajosa. Segundo levantamento da Agência Nacional do Petróleo (ANP) deste mês, o valor médio da gasolina em Natal é de R$ 3,09 a R$ 3,12. Quando questionado sobre o valor do gás, Wagner sorri e diz que paga entre R$ 1,99 a R$ 2,05 por metro cúbico (unidade de medida de venda do gás natural veicular).

Além disso, há também a economia ao trafegar. “Eu também tenho uma Dobló que roda como transporte escolar. Com gasolina, ela fazia seis quilômetros com um litro. Com gás, ela faz oito por metro cúbico dentro da cidade. E na BR, a economia é muito maior”, ressaltou.

Nos 13 anos em que é taxista, ele já trocou de carro cinco vezes, mas não acredita que o desgaste tenha acelerado em função da conversão do veículo. “Vale muito a pena. Na mão de um motorista que não faz manutenção, o carro se acaba com gás ou gasolina. E a pessoa também não corre risco de colocar gás adulterado como a gente vê aí acontecendo com a gasolina”, avaliou.

O proprietário da convertedora afirma que há uma economia garantida de pelo menos 50% na hora de abastecer e gastar o combustível. No entanto, a depender dos hábitos do motoristas e do carro, esse percentual pode chegar até a 70%. Além das vantagens individuais, o gás natural é um combustível com potencial de poluição do ar muito menor que a gasolina.

Contras

O valor médio para a conversão de um carro popular fica em torno de R$ 2.300 caso a escolha do proprietário do veículo seja por um kit de terceira geração. Na hipótese do kit de gás ser da quinta geração, o valor médio sobe para R$ 4.300 segundo Gilvan Barreto, proprietário de uma convertedora. “A diferença é que o de terceira geração é aspirado e da quinta é injetado. Esse último é mais econômico e tem o desempenho melhor”, explicou.

Uma dos primeiros argumentos que os donos de carros usam para não instalar o kit de gás no carro é a queda na potência do automóvel. Para Barreto, isso é uma lenda que se criou em torno do carro a gás, injustificada até pelo nível da tecnologia utilizada hoje nos kits de conversão.

O taxista Wagner Oliveira afirma que há diferença no desempenho do carro. “A perca é pouca, principalmente se for com esses carros de injeção. O ruim é o desgaste que dá a mais no sistema”, comentou o usuário de gás natural. Outra preocupação de quem vai converter o carro para gás é a inspeção anual obrigatório em um órgão credenciado ao Inmetro. Atualmente, a taxa para essa inspeção está em R$ 160.

Barreto também rebate as críticas de que andar com um tanque de gás no porta-malas é o mesmo que ter uma bomba-relógio. “Tem quinze anos que trabalho com a instalação de gás natural veicular e não houve nenhum sinistro desse tipo. Quando o movimento cresceu muito no país e aqui em Natal, houve alguns acidentes, mas era porque não havia sido convertido corretamente”, defendeu.

Vale lembrar que o reajuste da gasolina começa a partir deste domingo. O aumento foi anunciado na semana passada pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Na verdade, ele aumentou as taxas do Pis/Confins que incidem sobre o combustível.

Mercado
De acordo com Gilvan Barreto, entre 2000 e 2003 o gás natural foi a grande alternativa diante das sucessivas altas da gasolina. Nesse período, sua empresa fazia até 100 conversões por mês. Atualmente não passa de dez. Ele acredita que a febre entre os motoristas acabou muito por conta da falta de incentivos governamentais. “No ano passado, a Potigás fez uma promoção. Deu um efeitozinho, mas precisa ser algo mais consistente. No Rio de Janeiro, por exemplo, tem um desconto no IPVA para quem tem carro a gás”, falou.

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