
Homenagem a Fidel Castro na Praça da Revolução, em Havana (Duda Teixeira/VEJA)
Durante dois dias, os cubanos não expressaram qualquer sentimento pela morte do comandante da Revolução Cubana. Foi um final de semana como outro qualquer. Nas conversas, eles sequer se indagavam sobre qual seria a causa da morte do ditador.
Pelas ruas de Havana, há cerca de meia dúzia de cartazes pequenos com a foto de Fidel com um fundo preto, mas eles estão restritos aos prédios públicos, como o Museu da Revolução. Ninguém usa camisetas com o rosto de Fidel, lenços vermelhos ou qualquer outra coisa que lembre o morto ou sua ideologia.
No centro de Havana, todos os que aparecem com bonés verde-oliva de estilo militar e uma estrela vermelha são turistas estrangeiros, principalmente europeus. “Os cubanos não sabem o que é se manifestar espontaneamente em público. Nem mesmo quando há finais de campeonatos esportivos eles vão para as ruas. Só fazem isso quando são mandados pelo governo”, diz a documentarista e música cubana Lia Villares, que vive em Havana.Sendo assim, as manifestações ficaram restritas à Praça da Revolução, que fica a dez minutos de carro do centro. Na segunda-feira, cubanos e estrangeiros enfrentavam filas de quatro horas para ver uma foto de Fidel acompanhada por medalhas, flores brancas e jovens perfilados. No cartaz, uma mensagem importante: “O Partido Comunista de Cuba é o único herdeiro legítimo do legado e da autoridade do comandante em chefe da Revolução Cubana, Fidel Castro Ruz”.

Fila para homenagear Fidel Castro, na Praça da Revolução, em Havana (Duda Teixeira/VEJA)
Nos colégios e em algumas empresas estatais, cubanos também tiveram de fazer fila para assinar livros de condolências. Na escola primária Agustin Gómez-Lubián Urioste, no bairro de Havana Velha, a fila tinha cerca de dez pessoas, que permaneciam em silêncio ou conversavam amigavelmente. Em uma sala repleta de bandeiras e fotos de Fidel e uma televisão ligada, mas sem sinal, eles escreviam o nome e assinavam. O livro de condolências tinha na capa uma foto de Fidel e a palavra: “Ordene!”, em letras maiúsculas. Muitos que estavam no colégio traziam no pescoço o crachá de funcionário público. Um homem passou na frente e pediu: “Prima, assina para mim?”. Às 10h da manhã, já não havia mais ninguém.

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