O governador gaúcho, José Ivo Sartori (PMDB), apresentou um plano ousado de redução na estrutura da administração pública. A gestão anterior, do petista Tarso Genro, tinha 29 secretarias. Atualmente elas são 20 e serão reduzidas para 17. Das dezenove fundações estaduais, nove serão extintas. De onze empresas estatais, restarão seis. Deverão ser privatizadas, entre outras, as companhias de gás, energia e carvão. O plano prevê ainda a redução benefícios por tempo de carreira e regras mais duras para a aposentadoria dos servidores.
Em entrevista a VEJA, o governador José Ivo Sartori (PMDB), de 68 anos, falou sobre as dificuldades enfrentadas para ajustar as finanças estaduais.
Por que foi necessário decretar estado de calamidade? Estamos fazendo ajustes desde o início do meu governo, em 2015. Cortamos cargos de confiança, viagens, consultorias. Mesmo com esses ajustes, temos um déficit estimado em 8,8 bilhões de reais até 2018. O decreto da calamidade financeira tem o intuito de fazer com que esse esforço seja compartilhado por todos, com uma nova regra de comportamento dos órgãos públicos e revisão de benefícios. Na questão dos pagamentos atrasados, por exemplo, queremos priorizar aqueles que recebem menos. Mas enfrentamos muitas decisões judicias que nos obrigam a pagar de maneira igual a todos os servidores.
Os cortes vão atingir as despesas na assistência social? Nos últimos 45 anos, em apenas sete o estado não registrou déficit orçamentário. Não se faz justiça social sem equilíbrio nas contas públicas. Entendemos que o governo deva se concentrar em saúde, educação, infraestrutura e segurança, além da assistência social. Não estamos olhando apenas para o momento, para o meu governo. É preciso pensar no futuro.
Por que privatizar as empresas estaduais? A questão é a seguinte: essas companhias ainda são necessárias? É dever do estado administrar uma gráfica? É papel do estado fazer mineração de carvão? Será uma caminhada dura, mas necessária. Não gostaria que meus sucessores passassem pelos constrangimentos que estamos passando.
( Giuliano Guandalini/Veja)
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