O acordo de delação premiada da empreiteira Odebrecht preocupa o presidente Michel Temer, que já enfrenta uma crise com a denúncia envolvendo o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, um de seus homens de confiança. O receio é de que as acusações provoquem um clima de instabilidade política, prejudicial à recuperação da economia. Matéria editada pelas jornalistas Vera Rosa e Tânia Monteiro.
Auxiliares de Temer afirmam não ter
dúvidas de que as delações, no âmbito da Lava Jato, vão atingir não
somente Geddel, como outros ministros importantes. Na lista estariam o
chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, e o secretário executivo do
Programa de Parcerias de Investimentos, Moreira Franco. Geddel, Padilha e
Moreira integram o “núcleo duro” do Palácio do Planalto.
pesar de ter dado apoio a Geddel, Temer
está sendo aconselhado a dispensá-lo. Até agora, ele avalia que uma
mudança na equipe pode prejudicar a votação da proposta de emenda
constitucional (PEC) que limita os gastos públicos, em tramitação no
Senado. Temer corre contra o tempo para aprovar a PEC porque só depois
desta etapa enviará ao Congresso as reformas da Previdência e da lei
trabalhista.
Reforma ministerial. No cenário
idealizado pelo presidente, a reforma ministerial deve ocorrer apenas
depois da eleição para as presidências da Câmara e do Senado, em
fevereiro de 2017. A delação de Marcelo Odebrecht e de executivos da
empreiteira, porém, podem atrapalhar os planos de Temer, tornar a
situação de Geddel insustentável e até apressar algumas trocas. Nesta
quarta-feira, 23, por exemplo, Roberto Freire foi empossado no cargo de
ministro da Cultura, substituindo Marcelo Calero, que acusou Geddel de
pressioná-lo para liberar a construção de um prédio, em Salvador. O
chefe da Secretaria de Governo tem um apartamento ali.
O Planalto está apreensivo, ainda, com o
fato de a delação poder alvejar o líder do governo no Congresso, Romero
Jucá (PMDB-RR), e muitos parlamentares da base aliada. Há também a
percepção de que a Lava Jato tem potencial para ressuscitar
manifestações de “Fora, Temer” e tornar inviável o ajuste fiscal.
(JornaldoPaís)
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