NETO NEGOU TUDO
Garrincha lutou contra o alcoolismo até sua morte, em 1983 (Rodolpho Machado/Dedoc)
Um neto do ex-jogador Garrincha negou a informação dada por outros familiares de que os restos mortais do ídolo do Botafogo e da seleção brasileira estariam desaparecidos. Segundo Luiz Marques, a notícia não passa de uma “grande farsa”, criada por “uma filha que apareceu há pouco tempo”.
A notícia do sumiço do corpo de Garrincha foi divulgada pelo
diário Extra, que ouviu uma filha e um primo do ex-jogador, na manhã de
quarta-feira. A prefeitura de Magé, cidade natal do
bicampeão mundial (1958 e 1962), admitiu não saber ao certo onde estavam
os restos mortais de Garrincha, mas acredita que os ossos não saíram do
Cemitério municipal de Raiz da Serra, no distrito de Pau Grande, em Magé, onde o ex-atleta foi sepultado em 1983.
O prefeito de Magé, Rafael Tubarão (PPS) prometeu bancar a
exumação e exame de DNA com o intuito de “reencontrar” os restos mortais
de Garrincha. No entanto, segundo o neto do ex-jogador, os ossos
permanecem onde sempre estiveram. “Isso não passa de uma grande farsa,
uma grande mentira”, afirmou Luiz Marques, de 31 anos. “Essa notícia é
maldosa, de uma filha que apareceu há pouco tempo. Está nos trazendo um
transtorno muito grande.”
Responsável por um projeto social que leva futebol para
1.500 crianças na Vila Cruzeiro, no Rio, Luiz disse que recebeu diversas
mensagens de amigos preocupados com a notícia. “Fiquei sabendo disso
pela imprensa, mas tenho certeza absoluta de que os ossos do meu avô
continuam no mesmo lugar de sempre.”
Lucas se refere a um túmulo simples no quase abandonado
cemitério Raiz da Serra, em Magé, que possui muitas sepulturas
deterioradas e sacos de lixo com ossadas depositadas em um mesmo local. O
túmulo de Garrincha, ao menos o original, é simples e todo branco. Tem o
ano de seu falecimento grafado erroneamente – 20 de janeiro de 1985,
dois anos depois da dara correta. Além disso, outra lápide informa que
naquele mesmo jazigo está enterrada uma criança de dez anos, morta em
1955. Ela seria parente do ex-jogador.
Segundo Luiz Marques, é lá que estão depositados os ossos de
Garrincha. “Conversei com um coveiro que sempre morou ao lado do
cemitério e ele me disse ter certeza de que ninguém mexeu na sepultura.
Sem contar que é uma cidade pequena, todo mundo saberia.”
Um mausoléu dedicado ao craque do Botafogo e da seleção
brasileira foi construído em 1985 no mesmo cemitério por um ex-prefeito
da cidade. A ideia, à época, era depositar ali os ossos de Garrincha,
mas a família do ex-jogador não permitiu. Assim, o local ficou largado à
própria sorte e também se encontra em estado de abandono.
Sobre a confusão em relação à suposta mudança de local dos
restos mortais do ex-jogador, Luiz afirmou que ela será discutida em uma
reunião com todos os familiares na próxima semana. “Vamos decidir se
aceitamos ou não a exumação, mas por mim não será preciso. Sei onde está
enterrado meu avô”, declarou. A filha Rosângela Cunha Santos, que
concedeu entrevista ao Extra, não foi localizada.
(com Estadão Conteúdo)
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