domingo, 4 de junho de 2017

Rocha Loures, o ‘homem da mala’ de R$ 500 mil, vai para a Papuda. Ex-assessor especial de Temer e ex-deputado foi preso pela Polícia Federal neste sábado e deverá ser encaminhado para presídio em Brasília na segunda-feira

LAVA JATO
 Deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) chega em Guarulhos pelo Aeroporto de Cumbica, após ser citado na delação de executivos da JBS
 Deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) chega em Guarulhos pelo Aeroporto de Cumbica, após ser citado na delação de executivos da JBS (Bruno Santos/Folhapress)

O “homem da mala” vai para a Papuda, o famoso complexo penitenciário de Brasília. Preso neste sábado 3, Rodrigo Rocha Loures, ex-deputado federal (PMDB-PR) e ex-assessor especial do presidente Michel Temer, ocupa uma cela na Superintendência da Polícia Federal no Distrito Federal, para onde foi levado por volta de 6h da manhã, quando os agentes o prenderam em casa por ordem do ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal.

A transferência para a Papuda deverá ocorrer na segunda-feira 5.

Loures foi flagrado em abril correndo por uma rua dos Jardins, em São Paulo, carregando uma mala estufada de propinas da JBS — dez mil notas de R$ 50, somando R$ 500 mil em dinheiro vivo.

Na semana passada, ele devolveu a mala com R$ 465 mil. Os restantes R$ 35 mil ele depositou dias depois em uma conta judicial.

Ao pedir a prisão preventiva do “homem da mala”, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou que Rocha Loures é “homem de total confiança” do presidente Temer.

Segundo Janot, o ex-assessor é “um verdadeiro longa manus de Temer” — definição para executor de crime ordenado pelo topo de uma organização criminosa.

Temer e Loures são alvo de um mesmo inquérito da Operação Patmos, desencadeada no dia 18 de maio. A base da investigação é a delação premiada de executivos da JBS, entre eles Joesley Batista.

Os delatores gravaram conversas com Loures e com Temer. Também gravaram reuniões com o senador Aécio Neves (PSDB-MG), que teria pedido propina de R$ 2 milhões à JBS. O tucano é alvo de outro inquérito, este sob relatoria do ministro Marco Aurélio Mello.

Ao decretar a prisão preventiva de Loures, o ministro Edson Fachin anotou que ele “teria encontrado lassidão em seus freios inibitórios e prosseguiria aprofundando métodos nefastos de autofinanciamento em troca de algo que não lhe pertence, que é o patrimônio público”.

Fachin considerou não haver brecha para lhe impor medidas alternativas à prisão, como o uso de tornozeleira eletrônica. “Tratando-se o deputado federal Rodrigo Santos da Rocha Loures de político com influência no cenário nacional, até pouco tempo assessor do presidente Michel Temer, pessoa de sua mais estrita confiança, como declarado em áudio captado por Joesley (Batista, da JBS), revelam-se insuficientes para a neutralização de suas ações medidas diversas da prisão. Não se deixa, sem embargo, de lamentar que se chegue a esse ponto”.

Para Fachin, “o teor dos indícios colhidos demonstra efetivas providências (de Loures) voltadas ao embaraço das investigações, de modo que não é difícil deduzir que a liberdade do representado põe em risco, igualmente, a apuração completa dos fatos”.

(Com Estadão Conteúdo)

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