A vitória de Temer é a consagração do fisiologismo, do balcão de negócios e do “toma lá dá cá” (Cristiano Mariz/VEJA)
A noite de quarta-feira, 2
de agosto, foi o exemplo mais contundente da força política que o
presidente Michel Temer, mesmo desprezado pela imensa maioria dos
brasileiros, tem no Congresso Nacional. Foram 263 votos para enterrar
ali mesmo o andamento da denúncia contra o peemedebista, acusado de
corrupção passiva pelo procurador-geral da República Rodrigo Janot. Os
oposicionistas conseguiram apenas 227 votos, 115 a menos do que o
necessário. A vitória de Temer, incontestável do ponto de vista
político, representou, porém, a consagração do fisiologismo, do balcão
de negócios e do “toma lá dá cá” como instrumento para garantir a
chamada “governabilidade”. Trancar o processo contra o presidente custou
pelo menos 15 bilhões de reais – apenas em junho e julho, o governo
assumiu o compromisso de pagar 4 bilhões em emendas parlamentares.
Durante a votação da denúncia contra Temer, o ministro da Articulação
Política, Antonio Imbassahy, perambulava pelo plenário da Câmara dos
Deputados com a lista das emendas empenhadas. Mercadejando cargos e
promessas de dinheiro, o governo conseguiu enterrar o andamento do
processo de corrupção contra Temer, mas abriu a porteira para se tornar
refém da banda podre do Congresso.
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