BRASIL, POLÍTICA
Tribunal Regional Federal da 4ª Região, Porto Alegre (RS) (Flickr/Divulgação)
Mais do que reafirmar por unanimidade a sentença do juiz
Sérgio Moro e ampliar para 12 anos e um mês a pena imposta ao
ex-presidente Lula, os desembargadores da 8ª Turma do Tribunal Regional
Federal da 4ª Região protagonizaram um necessário desagravo à Justiça.
Reafirmaram a independência do Poder Judiciário, não cedendo
a constrangimentos e pressões. E destruíram a falácia de que no Brasil
imperam tribunais de exceção, como o PT e sua turma tentam,
irresponsavelmente, propagar por aqui e além das fronteiras do país.
Antes de tudo, o julgamento foi didático.
João Pedro Gebran Neto, o relator, Leandro Paulsen, o
presidente da turma e revisor, e Victor Laus, expuseram com minúcias a
denúncia do MPF e a sentença de Moro, as arguições da defesa, as provas
documentais e circunstanciais, os relatos de testemunhas e delatores.
Explicaram os procedimentos processuais e o significado das acusações de
lavagem de dinheiro e corrupção passiva. Tudo tintim por tintim.
E rechaçaram, com citações de peças expostas nos autos, os
argumentos de falta de provas e cerceamento de defesa, teses caras a
Lula e seus advogados, que demonizam a Justiça quando ela condena o ex e
dela abusam com um sem número de recursos. Mais de 150 só no TRF4.
Diga-se, alguns deles deferidos em favor do réu, como salientou Paulsen,
reiterando a isenção da Corte.
Como bem disse Laus, “em bom português, se alguém fez algo errado, e se esse algo errado é crime, a pessoa responde e pronto”.
A 8ª turma do TRF4 foi além: aumentou a pena de Lula por
considerar que um representante ungido pelo voto à posição de maior
mandatário do país tem de ser exemplar e, portanto, seu dolo provoca
danos ainda maiores.
Mais: jogou areia no marketing de campanha do PT de que eleição sem Lula é fraude.
Agora, terão de rebolar para contraditar a frase de Paulsen,
a que mais traduziu o espírito do julgamento: “Aqui, ninguém pode ser
condenado por ter costas largas, nem absolvido por ter costas quentes”.
Mary Zaidan é jornalista. E-mail: zaidanmary@gmail.com Twitter: @maryzaidan
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