CHUVAS
O ponto mais crítico foi o cruzamento entre a Avenida Capitão Mor Gouveia e Rua São José, em Lagoa Nova, na zona Oeste de Natal
É pau, é lixo, é o bueiro entupido. São as águas de março que alagam
Natal. É a drenagem confusa que enerva a população. As fortes chuvas da
manhã da terça-feira, 01, deixaram várias ruas alagadas e causaram
transtorno à capital. E a previsão é de mais precipitações para os
próximos três dias, segundo a Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio
Grande do Norte (Emparn).
A Secretaria de Mobilidade Urbana (STTU)
emitiu alerta para seis pontos de alagamento em Natal. O local mais
crítico foi o cruzamento entre a Avenida Capitão Mor Gouveia e Rua São
José, em Lagoa Nova, na zona Oeste de Natal. A lâmina d’água chegou a
1,2 metro.
Também foram registrados alagamentos nas avenidas
Hermes da Fonseca, Prudente de Morais, Nascimento de Castro, Salgado
Filho, Avenida Alexandrino de Alencar, Afonso Pena e nas ruas Seridó,
Ângelo Varela, São José e Mossoró. Foram verificados bueiros entupidos e
canalização pluvial obstruída.
Segundo o meteorologista Gilmar
Bistrot, Natal vai receber um bom volume de chuvas até o próximo
domingo. “A previsão é de que o tempo ficará nublado e parcialmente
nublado em praticamente todo o litoral, mas também serão verificadas
chuvas em municípios do interior”, explica.
Segundo ele, a
precipitação será ocasionada pela ação do sistema da Zona de
Convergência Intertropical (ZCI). O mecanismo causa baixa pressão e a
convergência ventos alísios. Com isso, a partir desta convergência,
ocorre a formação das nuvens e das chuvas em todo o Nordeste do Brasil.
O
mês de março, segundo a Emparn, será chuvas acima da média. O registro
histórico mostra que Natal recebe até 210 milímetros no terceiro mês do
ano. “Já verificamos que os meses de janeiro e fevereiro apresentaram
chuvas acima da normalidade. A tendência é de que o fenômeno se estenda
até maio”, aponta.
Segundo o Centro Nacional de Monitoramento e
Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), do Ministério de Ciência e
Tecnologia, que analisa oito pontos de chuva em Natal, as precipitações
somaram 30 milímetros em seis horas.
O secretário de Defesa Civil
de Natal, João Mendes, informou que a pasta está monitorando áreas de
risco da cidade. “O efetivo de plantão 24h foi reforçado e a pasta
trabalha com os demais órgãos públicos na intenção de minimizar
possíveis problemas sofridos pela população”, diz.
Segundo ele,
para solicitar a intervenção da Defesa Civil Municipal, o cidadão dever
ligar para o Centro Integrado de Operações em Segurança Pública (Ciosp) –
o número é 190. “A Defesa Civil atua com foco em ações preventivas, de
socorro e de assistência em casos de desastres naturais com intuito de
evitar ou minimizar danos à população e preservar vidas”, relata.
Drenagem
De
acordo com o professor aposentado da Universidade Federal do Rio Grande
do Norte, João Abner, um dos responsáveis pelo plano de drenagem de
Natal, produzido no início dos anos 2000, o atual sistema de escoamento
de águas pluviais da capital precisa ser revisto. “Não é o adequado. A
cidade continua em expansão e novas ações de macrodrenagem serão
necessárias”, afirma.
O especialista argumenta que Natal não
deveria sofrer com alagamentos. “A cidade está situada em um platô
(região plana) e deveria ser capaz de escoar, com facilidade, toda a
água. No entanto, verifica-se que não há áreas de extravasamento”,
explica.
João Abner detalha que algumas regiões da capital, como
os bairros do Tirol e Petrópolis, são carentes de ações para drenar a
chuva. “O Tirol, por exemplo, está há 40 anos esperando por um projeto
deste tipo”, reclama.
Ele ressalta que o Município já conta com
obras de melhoria do sistema de drenagem, mas que estão hoje
“emperradas” por conta de pendências judiciais ou por questões
burocráticas, como é o caso das obras dos túneis de escoamento das águas
pluviais do entorno do estádio Arena das Dunas e de drenagem do bairro
de Capim Macio. “Serão obras importantes para reduzir pontos de
alagamento em bairros da zona Sul e Leste de Natal”, aponta.
Vale
lembrar que as obras de Capim Macio e dos túneis da Arena das Dunas
estão paradas por questionamentos judiciais relacionados com o destino
das águas pluviais. O Ministério Público Estadual apura possíveis
impactos ambientais causados pelo descarte dos resíduos, o que impediu a
emissão de licenças de operação das obras.
A Prefeitura enviou
estudos ao Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente
(Idema) solicitando uma nova licença de operação.
(AgoraRN)
Nenhum comentário:
Postar um comentário