REGIME EXTRAORDINÁRIO
Presidente da Câmara, Rodrigo Maia - AFP PHOTO / EVARISTO SA
Brasília - A Câmara dos Deputados quer aprovar ainda esta semana a
Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que cria um regime
extraordinário fiscal, financeiro e de contratações para o enfrentamento
da calamidade pública decretada em virtude do novo coronavírus no País e
que está sendo chamado de Orçamento de Guerra. A proposta começou a
tramitar formalmente na Câmara no período da tarde desta quarta-feira,
1º de abril, quando foi assinada pelo presidente da Casa, Rodrigo Maia
(DEM-RJ), e outros sete deputados.
O médico e deputado paraibano Hugo Motta (Republicanos) será o relator.
Entenda a proposta:
O que é o Orçamento de Guerra?
É
um regime extraordinário fiscal, financeiro e de contratações para o
enfrentamento da calamidade pública do novo coronavírus. Durante a sua
vigência, as despesas para o enfrentamento da crise serão apartadas.
Optou-se por fazer uma emenda com prazo de validade determinado, com
datas para começar e terminar. A ideia é evitar deixar no corpo
permanente da Constituição regras que possam ser mal utilizadas por
governos no futuro. A proposta retira as amarras legais para os gastos e
faz uma grande desvinculação de receitas hoje atreladas a despesas
específicas
Como vai funcionar?
Será
criado um 'Comitê de Gestão da Crise'. O grupo será responsável por
aprovar as ações do regime emergencial, criar, eleger, destituir e
fiscalizar. O presidente Jair Bolsonaro vai presidir o comitê, que será
formado pelos ministros da Secretaria-Geral da Presidência da República,
da Saúde, da Economia, da Cidadania, dos Transportes, da Agricultura e
Abastecimento, da Justiça e Segurança Pública e da Controladoria-Geral
da União. Sem direito a voto, haverá representantes dos Estados,
municípios, Senado, Câmara, Conselho Nacional de Justiça, Conselho
Nacional do Ministério Público, e um do Tribunal de Contas da União. O
presidente da República designará, dentre os ministros de Estado, o
secretário executivo do comitê.
O Congresso poderá interferir nas decisões?
É
dado poder ao Congresso para "sustar qualquer decisão do Comitê Gestor
da Crise em caso de ofensa ao interesse público ou de extrapolação dos
limites de sua ação. O Superior Tribunal de Justiça terá competência
para apreciar atos do Comitê.
Qual a importância do Orçamento de Guerra?
Tem
o objetivo de impedir que o governo misture tudo no orçamento fiscal
regular e dificulte a fiscalização futura daquilo que não é urgente. Tem
objetivo de dar segurança jurídica porque o governo precisará executar a
despesa com rapidez, assim que for liberado o crédito extraordinário.
O Comitê poderá facilitar contratação de pessoal e de obras?
Será
editada uma norma sobre a contratação de pessoal, obras, serviços e
compras, com propósito exclusivo de enfrentamento da calamidade. As
contratações terão processo simplificado, mas que assegure, sempre que
possível, competição e igualdade de condições a todos os concorrentes.
Como ficarão os créditos extraordinários para pagar despesas?
Poderão
ser abertos mediante a utilização de recursos vinculados legalmente a
outras finalidades, inclusive do respectivo superávit financeiro e os
decorrentes da realização de operações de crédito, e os decorrentes de
desvinculação. Os recursos decorrentes de operações de crédito
realizadas para o refinanciamento da dívida mobiliária poderão ser
utilizados também para o pagamento de seus juros e encargos. O Congresso
terá 20 dias úteis para se manifestar sobre os créditos
extraordinários.
O Banco Central ganha mais poder de atuação?
O
BC poderá comprar e vender direitos creditórios e títulos privados de
crédito em mercados secundários. O montante total de compras de cada
operação deverá ser autorizado pelo Tesouro e imediatamente informado ao
Congresso. As operações vão exigir aporte de capital de pelo 25% do
Tesouro.
(Por:Estadão Conteúdo)
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