Pela primeira vez em mais de 100 dias de pandemia no Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra participou de uma coletiva de imprensa
Um dia depois das Federações das Empresas de Transporte de Passageiros do Nordeste (Fetronor), do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Fecomércio RN), da Agricultura e Pecuária do RN (Faern) e das Indústrias (Fiern) que representam os setores produtivos da economia no Rio Grande do Norte anunciarem que devem ir à Justiça para a reabertura das atividades comerciais e industriais, a governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), afirmou nesta quarta-feira, 24, que respeita a decisão, mas espera que a Justiça mantenha a decisão do Estado de adiar as medidas de isolamento social para o dia 1º de julho. A reabertura, porém, está condicionada ao declínio da taxa de ocupação de leitos críticos e transmissibilidade da covid-19.
Segundo Fátima Bezerra, a reabertura gradual da economia continua dependendo do controle da situação da pandemia do novo coronavírus nas próximas semanas e é a ciência “quem vai dar o tom”. A governadora não descartou que pode adiar mais uma vez a retomada da abertura do comércio, serviços e induústria em geral. “Isso [a reabertura] vai depender da evolução da pandemia. Como eu já deixei claro, nós dialogamos com todos os setores, mas quem me dá o tom é a ciência”, afirmou Fátima Bezerra em coletiva de imprensa nesta quarta-feira, 24, na Escola de Governo.
As Federações começaram a
avaliar uma ação judicial para a reabertura gradual antes do dia 1º de
julho depois da governadora informar, na terça-feira, 23, que iria adiar
por mais uma semana as medidas atuais de distanciamento social. A
reabertura foi adiada pela primeira vez para esta quarta-feira, 24,
depois de estar prevista para o dia 17. Nenhuma ação foi judicializada
nesta quarta-feira, mas as entidades alegam que os setores jurídicos
“continuam analisando” a situação. A Federação das Indústrias do Rio
Grande do Norte (Fiern) confirmou que “a ação já está sendo preparada”.
Nesta
quarta-feira, após aproximadamente três meses em confinamento, Fátima
Bezerra participou da coletiva de imprensa diária da Secretaria de
Estado da Saúde Pública (Sesap/RN). Além de defender a decisão de
prorrogar a reabertura, Fátima pediu que haja “solidariedade e união"
entre todos para “primeiro priorizar a vida." “São vidas humanas que
estão sendo perdidas, nós precisamos ter solidariedade. Temos toda
preocupação com o setor econômico, mas sem vida não há economia",
declarou a governadora.
Com 814 mortes
confirmadas e 21.844 pessoas infectados, o Rio Grande do Norte enfrenta o
pior momento da pandemia do novo coronavírus. Nas últimas 24 horas, 64
mortes foram registradas como causadas pela covid-19, o maior número
desde o início da pandemia. Paralelamente, segundo o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a situação econômica se
agrava cada vez mais. A pandemia atinge o acesso de 420 mil pessoas ao
mercado de trabalho no Rio Grande do Norte. A Federação do Comércio de
Bens, Serviços e Turismo (Fecomércio RN) estima perdas superiores a R$
200 milhões em três meses de atividades paralisadas.
Pico da pandemia
Fátima
Bezerra chegou a afirmar que o momento atual da pandemia é o pico (mais
grave), e pediu paciência. “Está havendo um recuo da taxa de
transmissibilidade e isso aponta uma perspectiva favorável para que, se
Deus quiser, no dia 1º [de julho] a gente possa dar esse passo [da
reabertura gradual da economia]. Mas é fundamental que haja um pacto
pela vida", reforçou.
Desde que as atuais
medidas de distanciamento social foram impostas, no dia 5 de junho, o
Governo do Estado iniciou com alguns municípios o programa “Pacto pela
Vida” para realizar ações conjuntas entre órgãos fiscalizadores e tentar
ampliar o cumprimento do distanciamento. Nesta semana, a cúpula do
Governo pediu aos municípios participantes que reforcem as ações para
barrar o contágio e permitir que haja uma pressão menor sobre os leitos
críticos na semana que vem.
“Essa medida de
prorrogar por mais sete dias foi com base na recomendação do Comitê
Científico, com base também na recomendação do Ministério Público, uma
vez que, como nós estamos nesse momento do pico, não era de maneira
nenhuma aconselhável flexibilizar essas medidas agora, sob pena de
passar pelo que estão passando outros Estados que fizeram a
flexibilização e estão recuando porque a pandemia se agravou",
acrescentou a governadora Fátima Bezerra.
Ocupação de leitos é alta em todas as regiões do Estado
O
Rio Grande do Norte estava com 11 leitos intensivos e semi intensivos
(com respirador) na rede pública, 4,87% do total, disponíveis até o
início da tarde desta quarta-feira, 24. A fila de espera por um leito
possuía 110 pessoas. Todas as regiões de Saúde estão com praticamente a
ocupação de leitos acima de 90%: Mossoró (Oeste), Pau dos Ferros (Alto
Oeste), Caicó (Seridó) e Região Metropolitana de Natal. No Hospital do
Seridó, em Caicó, a ocupação ultrapassou pela primeira vez a casa dos
90%, chegando a 92%.
As condições impostas pelo
governo estadual para o início da reabertura gradual da economia são de
70% de ocupação dos leitos públicos de Unidade de Terapia Intensiva e
taxa de transmissibilidade, ou seja, quantas pessoas são infectadas a
partir de um infectado, no máximo a um durante sete dias. No Rio Grande
do Norte, essa taxa de transmissão, calculada pelo Comitê Técnico da
Sesap, ficou em torno de 1,07 nos últimos sete dias, de acordo com o
histórico registrado pelo Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde
(LAIS) em parceria com a pasta.
A perspectiva
para as próximas semanas, segundo o cientista Ricardo Valentim, diretor
do LAIS e membro do Comitê Técnico da Sesap/RN, é positiva. Valentim
argumentou nesta terça-feira, 24, que as duas condições índices indicam
uma redução progressiva na pandemia. “Se a gente permanecer com a taxa
de transmissão baixa, que já observamos há algumas semanas, o efeito
dela vai ser visto nos próximos 15 dias porque é o período em que as
pessoas que estão atualmente internadas recebem alta e menos pessoas vão
entrar na rede de saúde. Isso já é possível observar nas internações
dos hospitais privados. Em todo Brasil, caiu primeiro lá para depois se
reduzir na rede de saúde pública. Aqui vemos que começa a cair lá”,
destacou.
Governo diz que abriu 390 leitos
Nesta
quarta-feira, 24, a governadora Fátima Bezerra se solidarizou com as
famílias que sofreram perdas para a covid-19 e disse que a administração
estadual optou por fortalecer a rede de leitos da Secretaria de Estado
da Saúde Pública (Sesap). “Conseguimos instalar 390 novos leitos, entre
críticos e clínicos e continuamos trabalhando para expandir mais
leitos", informou.
Governo diz que abriu 390 leitos para pacientes com covid-19
Há, ainda, previsão de abertura de mais de 70 leitos por todo o
Estado. Até final do mês de junho serão abertas mais 20 Unidades de
Terapia Intensiva (UTIs) no Hospital João Machado, em Natal; outras 17
vagas em Pau dos Ferros sendo 11 UTIs e 6 leitos clínicos; dois leitos
UTI em Caicó, 10 UTIs; e 6 leitos clínicos em Assu. Em Mossoró, foram
abertos 5 recentemente e há previsão de novos leitos até dia 30 no
Hospital São Luiz, assim como no Hospital Pedro Germano em Natal. Em
Guamaré será aberta mais uma UTI, enquanto no Hospital Maternidade
Belarmina Monte, em São Gonçalo do Amarante, há 5 UTIs e deverão ser
abertas mais 5. Nas cidades de João Câmara e Santo Antônio está em curso
a instalação de novos leitos de UTIs e de retaguarda para pacientes
covid.
Fátima Bezerra lembrou que há uma crise
mundial de falta de medicamentos, equipamentos, insumos e também de
recursos humanos. “Reafirmo que todos os esforços e recursos que
recebemos e dispomos estão disponibilizados no portal da transparência,
seja em recursos próprios, do governo federal, de doações. E a principal
destinação é para UTIs e contratação de pessoal. Já contratamos mais de
3 mil profissionais e empenhamos R$ 100 milhões para garantir à
população o direito de ter atendido e de sobreviver", listou.
Fátima
colocou que os esforços para mitigar a pandemia não devem ser só do
Governo estadual, mas dos demais poderes e dos municípios, através de
suas prefeituras.
“É preciso cumprir os
decretos e o Pacto pela Vida para conter a propagação do vírus, ampliar o
isolamento social e reduzir a pressão por leitos para retomarmos as
atividades econômicas e sociais. O momento ainda exige cautela,
precisamos de união, solidariedade, e que a população compreenda. Não
temos vacina ainda. Estamos há mais de 90 dias com medidas restritivas,
que exigem sacrifícios, mas estamos perto de atravessar a fase mais
aguda da pandemia”, destacou a governadora.
(Por:Tribuna do Norte)
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