POSSE EM SETEMBRO
Ministro do STF, Luiz Fux - Nelson Jr. / STF
Brasília - O ministro Luiz Fux foi eleito na quinta-feira presidente do
Supremo Tribunal Federal (STF) para os próximos dois anos. Em um sinal
de que pretende construir pontes com as Forças Armadas e o Palácio do
Planalto num momento de crise entre os Poderes, Fux já está em contato
com generais e ministros do governo. A posse foi marcada para o dia 10
de setembro.
"Prometo aos meus colegas que vou lutar intensamente
para manter o Supremo Tribunal Federal no mais alto patamar das
instituições brasileiras. Vou sempre me empenhar pelos valores morais,
pelos valores republicanos, me empenhar pela luta da democracia e
respeitar a independência entre os Poderes, dentro dos limites da
Constituição e da lei. Que Deus me proteja", disse o magistrado.
Fux
vai suceder o atual presidente do STF, Dias Toffoli, que buscou assumir
um papel de conciliação entre os Poderes durante sua gestão, mas viu a
Corte ser repetidamente atacada pelo presidente Jair Bolsonaro e seus
aliados após impor uma série de reveses ao Palácio do Planalto.
"Ele
é um homem do diálogo, vai administrar bem essa aparente crise
institucional. Que ele continue cumprindo o dever e administre o
Judiciário como um grande todo, no conjunto", disse o ministro Marco
Aurélio Mello ao Estadão.
O futuro presidente do Supremo é o
relator de duas ações penais nas quais Bolsonaro é acusado de injúria e
incitação ao crime de estupro por dirigir ofensas à deputada Maria do
Rosário (PT-RS). Os casos foram suspensos depois que Bolsonaro assumiu o
Planalto, já que a Constituição proíbe que o presidente seja
responsabilizado por atos anteriores ao mandato. Fux chegou a se
encontrar com Bolsonaro quando ele era presidente eleito, em meio às
articulações nos bastidores para acabar com o auxílio-moradia na reta
final do governo Temer.
Uma das principais dúvidas sobre a gestão
do magistrado é quanto à implantação do juiz de garantias, medida
barrada por decisão do próprio Fux. O ministro marcou audiências
públicas para discutir o assunto, mas cancelou a programação por causa
do avanço da pandemia. Um grupo de trabalho do Conselho Nacional de
Justiça (STJ) preparou uma proposta para regulamentar a divisão entre
dois juízes de investigações criminais, mas, para entrar em vigor, o
texto ainda depende de uma decisão do STF e da disposição de Fux de
levar o tema ao plenário.
Antecipação
A
eleição de Fux, prevista para ocorrer apenas no segundo semestre, foi
antecipada para ontem, "em função da pandemia e para facilitar o
processo de transição na Corte", de acordo com a assessoria do STF.
Toffoli e Cármen Lúcia, por exemplo, foram eleitos apenas um mês antes
de assumirem o comando da Corte.
O Supremo tradicionalmente segue
o princípio da antiguidade, elegendo para a presidência o magistrado
com mais tempo de atuação ali e que ainda não tenha chefiado o tribunal.
A votação secreta foi feita à distância, por videoconferência, na
sessão plenária de ontem. A ministra Rosa Weber será vice-presidente do
STF durante a gestão Fux.
Formado na Universidade do Estado do
Rio de Janeiro (Uerj) e doutor em Direito Processual Civil pela mesma
instituição, Fux foi indicado pelo então presidente Fernando Henrique
Cardoso, em 2001, para uma vaga no Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Dez anos depois, assumiu uma cadeira no STF após ser escolhido pela
então presidente Dilma Rousseff, com o apoio do ex-governador do Rio
Sérgio Cabral.
O ministro também presidiu uma comissão de
juristas responsável pelo anteprojeto do novo Código de Processo Civil.
Em um dos episódios de maior atrito com o Congresso, Fux mandou devolver
para a Câmara um projeto com 10 medidas de combate à corrupção porque o
projeto, de iniciativa popular, foi desconfigurado pelos parlamentares.
(As informações são do jornal O Estado de S. Paulo)
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