PANDEMIA
Iara Pinheiro destacou o cancelamento de cerca de 200 de pedidos de leitos de UTI porque pacientes morreram antes de conseguir.
O Ministério Público do Rio Grande do Norte (MP) defende a ativação
de todos os leitos que estão no plano de expansão para o enfrentamento
do novo coronavírus, feito pela Secretaria de Estado da Saúde Pública do
RN (Sesap) e pelos municípios, para que se comece a flexibilizar o
isolamento social em todo o RN. Segundo a promotora de Defesa da Saúde,
Iara Maria
Pinheiro de Albuquerque, essa é a margem segura para que se possa
trabalhar quando for chegado o momento da reabertura gradual das
atividades econômicas. Ela não estipulou datas para que isso ocorra, mas
reforçou que ainda não é o momento de
Durante entrevista
coletiva com a imprensa, na tarde desta segunda-feira (22) para falar
sobre a recomendação conjunta do MP, do Ministério Público
Federal (MPF) e do Ministério Público do
Trabalho (MPT), emitida ao Governo do Estado e às prefeituras
municipais. para que se abstenham de adotar
quaisquer medidas tendentes a flexibilizar o isolamento social da
covid-19, a promotora criticou a ineficácia dos governos no tocante à
fiscalização do cumprimento dos decretos estaduais e elogiou o empenho
da Sesap, que, sozinha, já abriu mais de 150 leitos de UTI covid e cerca
de 130 leitos
clínicos.
"Na minha atividade de fiscal, eu estou muito decepcionada,
em algum grau, com os municípios, que firmaram planos assistenciais e os passaram em
suas comissões intergestores regionais, mas, até o presente momento, estão segurando
e evitando colocar recursos para abrir leitos. Os municípios, juntos, receberam para custeio
exclusivamente covid mais de R$ 100 milhões e até agora o único município que
abriu leito com um grau de dificuldade importante, foi Natal", afirmou Iara Pinheiro.
A
promotora também afirmou que o Rio Grande do Norte já registrou cerca
de 200 cancelamentos de pedidos
de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), uma vez que os
pacientes morreram antes que conseguissem as
vagas. Não quero dizer que se essas pessoas tivessem chegado ao leito,
teriam sobrevivido, porém, elas não tiveram sequer a chance de lutar
pela vida", destacou Iara Pinheiro.
O procurador-geral de Justiça, Eudo Leite, afirmou que há uma
força-tarefa, formada por 40 pessoas, entre membros do MP, do MPF e do
MPT, além da Polícia Federal (PF) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
"Temos buscado, a todo tempo, uma atuação resolutiva, sem
judicialização e no campo da conciliação", disse. Entretanto, o promotor
ressaltou que ainda não foi possível chegar a um consenso com o setor
produtivo. Ele defendeu que as decisões sobre a flexibilização das
medidas de isolamento social devem se embasar em evidências científicas
sobre o novo
coronavírus.
"Tivemos várias reuniões com o Governo do Estado e com o
setor produtivo, sempre tentando construir um entendimento para que o
retorno das atividades não essenciais ocorra com segurança e
condicionantes epidemiológicas e sanitárias atendidas. Como não foi
possível, emitimos a recomendação", frisou.O procurador do MPT,
Xisto Tiago Medeiros Neto, esclareceu que a recomendação conjunta foi
pautada pela sensatez, prudência e responsabilidade. "Entre optar pela
responsabilidade, pelo atendimento, pela visão dos indicadores
científicos, técnicos, epidemiológicos e pelas estatísticas reais que
nós temos, e optar pela não responsabilidade, ignorando tudo isso,
ficamos com a primeira opção. Não que com isso não tenhamos a
sensibilidade diante de uma realidade que se põe no campo dos segmentos
econômicos. Sempre pautamos a nossa discussão pelo olhar responsável
para isso, mas o momento atual exige de nós uma posição firme", pontuou.
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