FALOU COM COTADO AO MEC
Fachada do Ministério da Educação (MEC), na Esplanada dos Ministérios, em Brasília.
- Marcos Oliveira/Agência Senado
Brasília - Candidato a assumir o Ministério da Educação (MEC), Renato
Feder se reuniu na manhã desta terça-feira, 23, com o presidente Jair
Bolsonaro no Palácio do Planalto. Na conversa de quase uma hora,
Bolsonaro falou ao atual secretário de Educação do Paraná que deseja um
plano para a retomada das aulas pós-pandemia do coronavírus.
O
pedido ocorre após uma comissão da Câmara dos Deputados apontar
"omissões" e ausência de políticas públicas para tentar reduzir o
impacto da crise na vida de estudantes. O caso aconteceu na gestão de
Abraham Weintraub, que, pressionado, deixou o governo na semana passada.
Em
entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo após a reunião no Planalto,
Feder disse que Bolsonaro quer saber como MEC vai auxiliar Estados e
municípios na retomada das aulas. "Na visão do presidente, é esse tipo
de debate que o MEC deveria ter. Qual o retorno que minimiza os riscos
de vida à saúde dos estudantes. Como os países desenvolvidos estão
retornando, que tipo de protocolo as escolas devem adotar. Este tipo de
discussão o MEC deve encabeçar na opinião do presidente", disse Feder ao
Estadão após a reunião.
O secretário foi recebido no Planalto
com apoio do governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD), ministros
militares e das Comunicações, Fábio Faria, além de empresários como
Meyer Nigri, fundador da Tecnisa e apoiador de Bolsonaro desde a
campanha. Feder deixou a reunião dizendo que teve uma "conversa técnica"
e não recebeu um convite, mas admite que passou por uma entrevista para
o cargo.
"Eu entendi que ele queria me conhecer para fazer uma
análise, então entendo como uma entrevista, entrei como um candidato",
disse Feder, afirmando que mostrou ao presidente os resultados de sua
gestão no Paraná. "O aprendizado no Paraná tem crescido bastante, temos
feito uma política bem forte de tecnologia de apoio à escola, apoio ao
professor com boas ferramentas, boa gestão, de foco no aprendizado do
aluno", disse.
Durante a entrevista, segundo Feder, o presidente
demonstrou preocupação com a aprovação do Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) e quer que o MEC ofereça
apoio na área de tecnologia para as secretarias estaduais e municipais
de Educação. "Ele entende que a aprovação do Fundeb é muito importante e
quer um ministério que apoie as secretarias de Educação, principalmente
na área de tecnologia. Ele está preocupado com os alunos que estão sem
aula e que tipo de retorno o MEC pode ajudar quando as redes tomarem a
decisão de voltar", relatou.
De acordo com o candidato ao MEC, o
presidente não mencionou pautas como escola sem partido, ideologia de
gênero e cotas raciais. A pasta é considerada para a ala ideológica do
governo como uma importante trincheira do que chamam de "guerra
cultural".
Feder evitou comentar sua opinião sobre o tema, mas
afirmou que a prioridade do futuro ministro deve ser a melhoria da
qualidade da Educação. O ex-ministro da Educação deixou o governo após
inúmeras polêmicas e a pressão do Supremo Tribunal Federal (STF) e do
Congresso. "Para mim ou qualquer ministro que venha assumir o MEC, a
pauta principal tem que ser o trabalho por aulas de maior qualidade.
Esse é o foco. Os alunos estão aprendendo matemática, estão aprendendo
português, a qualidade está boa, que tipo de apoio cada município
precisa. O ministro tem que focar nessa pauta, que tipo de tecnologia é
utilizada para ajudar, que tipo de informação, o que os melhores países
fazem e que podem trazer para nossos Estados e municípios. Essa é a
pauta que o MEC deveria focar", afirmou.
Em 2007, Feder publicou o
livro "Carregando o Elefante - Como transformar o Brasil no país mais
rico do mundo", em que defendeu a privatização do ensino e até mesmo o
fim do MEC. A obra, escrita com o empresário Alexandre Ostrowiecki,
defendia que o governo pagasse voucher para que pais matriculassem
filhos em escolas particulares. Cotado para chefiar o ministério, ele
argumenta que mudou de opinião.
"É um livro muito antigo, escrito
há quase 15 anos, não é o que penso hoje. As pessoas mudam de opinião,
melhoram. Eu era um jovem de 20 e poucos ano quando escrevi aquele
livro. Muito do que penso hoje não tem a ver com o livro", disse Feder
ao jornal O Estado de S. Paulo. "Eu não entendia nada de educação e hoje
conheço melhor. Toda a parte da (minha) escrita sobre educação eu não
concordo. A questão do voucher eu não concordo e não deu certo em nenhum
lugar do mundo", disse.
(Por:Estadão Conteúdo)
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