VACINA
Presidente Jair Bolsonaro
Brasília - O Cidadania ameaça entrar com um processo de impeachment
contra o presidente Jair Bolsonaro se ele desautorizar a compra de uma
vacina que se comprove eficaz contra a covid-19. A estratégia está sendo
avaliada pela cúpula do partido e depende dos próximos passos do
governo. A discussão aumenta a pressão sobre Bolsonaro após ele ter
desautorizado o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello.
A compra de
doses de um laboratório chinês produzidas com o Instituto Butantã, de
São Paulo, havia sido anunciada pelo Ministério da Saúde na terça-feira,
20. Bolsonaro, porém, ficou inconformado com o destaque recebido pelo
governador João Doria (PSDB-SP) no episódio e avaliou que Pazuello se
precipitou. A nacionalidade e o domicílio eleitoral da vacina deram
fôlego à ala ideológica do governo, que atacou a iniciativa tomada com
aval dos militares.
Se for comprovado que realmente a vacina pode imunizar a população do
novo coronavírus, uma atitude de Bolsonaro para barrar o financiamento
poderia ser enquadrada como crime de responsabilidade ou até mesmo crime
comum, de acordo com o presidente do Cidadania, Roberto Freire. Um
processo de impeachment precisa passar pelo crivo do Congresso e,
inicialmente, depende de uma decisão do presidente da Câmara, Rodrigo
Maia (DEM-RJ), que, até o momento, rejeita autorizar uma denúncia.
"Crime
de responsabilidade, durante ainda o curto mandato do presidente, tem a
granel. Se essa vacina for atestada do ponto de vista científico como
eficaz e ele tentar impedir, não é nem crime de responsabilidade, é
crime comum para ser processado por atentado à saúde e à vida dos
brasileiros", afirmou o presidente do Cidadania, Roberto Freire.
"Discutir a coloração política da vacina é uma imbecilidade." Freire
ponderou que não vê ambiente político para impeachment no momento,
apesar da posição de Bolsonaro.
O presidente afirmou que
"qualquer vacina, antes de ser oferecida, deverá ser comprovada
cientificamente pelo Ministério da Saúde e certificada pela Anvisa". A
posição de confronto com Doria incomodou líderes do Congresso.
"Impeachment é quando há crime de responsabilidade. Se ele tomar alguma
atitude que caracterize, podemos considerar um pedido, embora não seja o
que discutimos neste instante. A postura do presidente é altamente
repugnável", afirmou o líder do Cidadania na Câmara, Arnaldo Jardim
(SP).
Na quarta-feira, 21, a Rede Sustentabilidade protocolou
ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para obrigar Bolsonaro a assinar
protocolo de intenções para a aquisição de 46 milhões de doses da vacina
Coronavac, produzida pela farmacêutica chinesa Sinovac Biotech e em
desenvolvimento no Instituto Butantã, em São Paulo.
Na avaliação
do partido, Bolsonaro agiu violando o direito à vida e à saúde, com o
objetivo de "privar a população brasileira de uma possibilidade de
prevenção da covid-19 por puro preconceito ideológico ou, até pior, por
motivações estritamente políticas".
(Por:Estadão Conteúdo)
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