sábado, 27 de setembro de 2014

Obrigados por lei, mais da metade dos brasileiros deixaria de votar se pudesse. Apesar de o voto ser compulsório por lei para eleitores entre 18 e 70 anos, ainda é relativamente simples e barato simplesmente deixar de comparecer às urnas

DEMOCRACIA?
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Mais da metade dos eleitores brasileiros deixaria de comparecer às urnas no dia 5 de outubro caso o voto no Brasil não fosse obrigatório, ressaltando o desinteresse de grande parte da população com o processo eleitoral, mostrou um estudo divulgado nesta semana.

A pesquisa, feita pela brasileira Hello Research, também constatou que 62% das pessoas consultadas tinham pouco ou nenhum interesse nas Eleições 2014. Foram entrevistados 1.000 eleitores em 70 cidades por todas as regiões do Brasil, e a margem de erro anunciada é de 5%.

“Esse desinteresse é formatado em função de um ciclo: os partidos acabam envolvidos em escândalos de corrupção, não há índices de melhora efetivos em grande parte das questões básicas reclamadas pelo povo e isso faz com que o eleitor vá perdendo a expectativa de participar desse momento no Brasil”, afirmou ao Yahoo o presidente da Hallo, Davi Bartoncello.

Segundo ele, não há pesquisas comparativas em eleições passadas. A Hello Research, como se pode ver em seu website, está focada principalmente em pesquisas de mercado, mas, segundo o presidente, “a gente começou aqui uma ideia de adentrar temas pertinentes para este momento”. A pesquisa foi feita por contra própria, segundo ele.

Sobre o comparecimento às urnas, o estudo mostrou que 55% dos eleitores brasileiros não votariam caso o voto fosse facultativo, ao passo que 42% iriam às urnas regularmente e 3% não souberam responder.
Apesar de o voto ser compulsório por lei para eleitores entre 18 e 70 anos, ainda é relativamente simples e barato simplesmente deixar de comparecer às urnas, caso haja a inclinação para tanto. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral, a multa pode ser de até R$3,51.

Mas, a depender da situação econômica do infrator o juiz eleitoral pode decidir aumentar esse valor em até dez vezes. Além disso, é preciso fazer todo o procedimento formal, o que pode ser enfadonho. Caso não pague multa nem se regularize, o cidadão pode sofrer várias punições, incluindo a impossibilidade de obter crédito bancário ou passaporte, por exemplo.

Assim, a maioria dos que não gostariam de votar prefere evitar o aborrecimento, e nas eleições presidenciais de 2010, por exemplo, a taxa comparecimento no primeiro turno foi de quase 80%, segundo o TSE.
Nos Estados Unidos, por exemplo, a taxa de comparecimento nas eleições de foi de 59% nas majoritárias de 2012, segundo a ONG Fair Vote, enquanto no Chile, no pleito de 2013, o dado foi menor, de 49%. Em ambos os países o voto é facultativo.

Na vizinha Argentina e na distante Austrália, países nos quais o voto também é compulsório, o comparecimento fica, em média, em torno de 75% no primeiro caso e acima de 90% no segundo, de acordo com o Instituto Internacional para Democracia e Assistência Eleitoral (IDEA).

“Isso (o dado brasileiro) é muito provavelmente um reflexo direto de uma falta de representatividade no país”, avaliou Bartoncello.


Fonte: Yahoo

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