A greve instaurada ontem pelos profissionais do setor de
Clínica Médica do Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, a maior unidade de
traumas do Rio Grande do Norte, continua hoje. Os médicos reivindicam o
repasse de aproximadamente R$ 1 milhão atrasado há quatro meses.
Um
acordo firmado entre a Secretaria do Estado da Saúde Pública (Sesap) e a
Cooperativa Médica do Rio Grande do Norte (Coopmed/RN) não estaria
sendo cumprido por parte do Governo Estadual e, dessa maneira, os
servidores optaram por cruzar os braços nas primeiras horas da manhã de
ontem.
A decisão foi tomada durante uma assembleia
que aconteceu na sede na Coopmed/RN, e presidida pelo diretor da
instituição Dr. Fernando Pinto, na noite da última segunda-feira (25). A
reunião foi convocada após o pagamento, esperado para o mesmo dia, não
ser realizado pela secretaria.
Mesmo insatisfeitos
com a situação, os médicos plantonistas do Walfredo Gurgel decidiram
manter os serviços funcionando com 30% do efetivo, respeitando a chamada
“lei de greve”.
Na mesma assembleia, os
profissionais da área da saúde deliberaram que, caso o Governo do Estado
não efetuasse o repasse até o próximo dia 1º de fevereiro, outros
setores do hospital também seriam afetados pela paralisação. Caso o
atraso perdure ainda mais, médicos das alas de Cirurgia Geral, Cirurgia
Vascular, Ortopedia e do Centro de Recuperação Pós-Operatório (CRO)
prometem interromper as atividades.
De acordo com a
Sesap, o pagamento dos débitos devidos aos profissionais dependia, até o
início da tarde de ontem, do envio dos recursos para a pasta, efetuado
pela Secretaria de Estado do Planejamento e das Finanças (Seplan). Assim
que o montante de R$ 1 milhão referente à parcela do acordo em atraso
fosse depositada, ele seria entregue à administração do Hospital
Walfredo Gurgel para que os profissionais voltassem ao trabalho normal.
A
maior unidade de saúde de Natal, localizada na Zona Leste da cidade,
possuí, atualmente, 21 médicos da Coopmed/RN atuando na Clínica Médica.
Em contrapartida, são apenas 17 contratados diretamente pelo Estado.
Mesmo
com a paralisação de ontem, o setor de comunicação do Hospital Walfredo
Gurgel informou que os atendimentos clínicos não foram suspensos e
transcorreram de forma normal. Dos quatro médicos que prestavam plantão
ontem, apenas um era filiado à Coopmed/RN e não foi trabalhar,
sobrecarregando os demais profissionais.
Ainda de acordo com a assessoria, a única dificuldade enfrentada foi a lentidão fora do habitual no recebimento dos pacientes.
A
reportagem do NOVO esteve no local durante a manhã desta terça e
constatou que a greve ainda não havia alterado a rotina no maior
hospital de trauma do Rio Grande do Norte. Os atendimentos ocorriam com
tranquilidade e nenhuma espécie de tumulto foi percebida.
O
autônomo Emanuel Cardoso, que aguardava atendimento para a prima,
surpreendeu-se ao saber que os profissionais da unidade estavam em
greve. “Não sei nos outros setores, mas aqui está tudo normal”, disse,
acrescentando ter esperado entre dez e 15 minutos para que a sua
acompanhante fosse recebida pelo médico.
DEOCLÉCIO
Por
causa dos atrasos nos pagamentos, os profissionais da Clínica Médica do
Hospital Regional Deoclécio Marques, em Parnamirim, decidiram não
renovar o contrato com a Sesap e, dessa maneira, a Clínica Médica da
unidade está fechada desde o mês de outubro passado.
De
acordo com o coordenador de escala médica do hospital regional, Dr,
Rogério Santos, mesmo que o repasse seja regularizado, é improvável que o
setor reabra, uma vez que faltaria servidores para tal.
“Eles
(os médicos da Coopmed/RN) não têm interesse em voltar pra cá. E fica
difícil de montar uma escola de plantão, já que os outros também não
querem trabalhar com a escala incompleta, para não ficarem
sobrecarregados”, explicou.
De acordo com Rogério
Santos, nenhum setor além da Clínica Médica foi afetado no Deoclécio
Marques, por enquanto. Porém, o coordenador não descarta a possibilidade
de que a greve chegue ao hospital de Parnamirim. “O último mês que
houve pagamento foi setembro. Ou seja, já vai para o quinto mês de
atraso”, aponta.
No final da manhã de ontem, a
Sesap enviou nota para a imprensa afirmando que está trabalhando “no
sentido de solucionar o repasse aos hospitais Walfredo Gurgel e
Dioclécio Marques para efeito de pagamento às cooperativas médicas”.
Somente no hospital da cidade metropolitana, o valor em débito chega ao total de R$ 1,8 milhão
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