Reprodução: TV Globo
O governo confirmou o fim do Programa
Ciências Sem Fronteiras para os alunos de graduação. A justificativa é o
preço. Nem dinheiro em caixa é garantia da volta dessas bolsas,
realmente agora vai dar uma parada pelo menos nos cursos de graduação.
A prioridade agora é outra. Se tiver
dinheiro no ano que vem, será usado para bolsas na pós-graduação. O
Ministério da Educação avaliou que era alto o custo para mandar alunos
da graduação para o exterior e que muitos nem estavam preparados para
estudar fora.
Foi uma experiência inesquecível. A Bia
mostra, com o maior orgulho, as fotos do período em que passou em
Glasgow, na Escócia. Ela estudava psicologia na Universidade de Brasília
e foi selecionada para participar do Programa Ciência Sem Fronteiras.
“A gente cria uma rede de contatos no
Brasil com esses outros intercambistas também. A gente troca ideias, faz
interfaces com a nossa área, cria ideias de pesquisas”, afirmou a
psicóloga Beatriz Yamada.
Hoje, a psicóloga diz que valeu muito a
pena, mas faz algumas críticas ao programa que, segundo ela, investe
alto para mandar alunos para o exterior, mas não cobra quase nada no
retorno.
“Acho que tem possibilidade da gente
trazer de retorno para o Brasil o que a gente aprendeu lá e talvez
formar um grupo mesmo, compartilhando essas experiências”, afirmou
Yamada.
O programa começou em 2011 e já mandou
mais de 100 mil alunos de graduação e pós-graduação para universidades
no exterior. A maioria das bolsas, 65 mil, foi para estudantes que ainda
estavam na faculdade. Ano passado e este ano já não teve seleção para
novas bolsas. Por falta de recursos, foram mantidos apenas os alunos que
já tinham sido selecionados antes e agora o programa deve mudar.
O governo diz que o Ciência Sem
Fronteiras não acabou, mas como já não tinha mesmo previsão no orçamento
deste ano para selecionar novos bolsistas, o Ministério da Educação
decidiu fazer uma avaliação do programa. Chegou à conclusão de que custa
muito caro para manter os alunos lá fora, principalmente os de
graduação. Isso porque a maioria dos selecionados não tinha conhecimento
suficiente de língua estrangeira para frequentar as aulas. Então
primeiro tinham que passar alguns meses, lá fora, estudando a língua,
antes de fazer as matérias específicas. Então a partir de agora, se
tiver dinheiro no Orçamento do ano que vem para o programa, as bolsas
vão ser só para alunos de pós-graduação.
A Capes, um dos órgãos do Ministério da
Educação que concede as bolsas, diz que o custo médio de um bolsista de
graduação no exterior é de R$ 100 mil por ano.
“Do ponto de vista do país, a gente tem
que considerar, sim, a questão do custo benefício, porque nós temos
outras carências, nós temos o ensino básico, que tem uma carência muito
grande”, declarou o presidente substituto do Capes, Geraldo Nunes.
Ele explicou que, além disso, a vantagem
dos bolsistas de pós-graduação é que normalmente eles publicam artigos
em revistas estrangeiras importantes, o que conta muito para as
universidades brasileiras.
O Pedro, estudante de engenharia de
produção, que pretendia se candidatar a uma bolsa do programa ainda na
faculdade, ficou frustrado.
“Um currículo com Ciência Sem Fronteiras
é um peso a mais. Pessoal vai lá para fora, amigos meus que foram para
Holanda e Bélgica, trabalham com logística e viram coisas que eu só vou
ver lá no meu 10º semestre, nono semestre. Tecnologias completamente
diferentes que a gente tem aqui. Vai para Europa trabalha com logística,
vê uma malha ferroviária gigantesca, que a gente não tem essa
disponibilidade de ir conhecer essas ferrovias. É uma pena”, afirmou o
estudante Pedro Nascimento.
Quem já está no exterior não será
atingido por essa decisão do governo. São cerca de 10 mil bolsistas.
Eles vão continuar recebendo os pagamentos das bolsas até o fim do
intercâmbio.
Bom Dia Brasil – Globo
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