RELAÇÕES
Montagem - Hillary Clinton, do Partido
Democrata, e Donald Trump, do Partido Republicano (AFP/Como Hillary ou
Trump vão lidar com o Brasil?)
Independentemente de quem será o próximo ocupante da
Casa Branca — o republicano Donald Trump ou a democrata Hillary Clinton
—, é certo que as relações dos Estados Unidos com seus parceiros na
América Latina irão mudar. Ambos os candidatos possuem agendas muito
diferentes na área da política externa.
Enquanto Hillary deve fazer
alterações sutis na política de pouca interferência externa defendida
pelo presidente Barack Obama, Trump aposta em propostas isolacionistas,
que colocam a segurança e a economia americana em primeiro lugar e que
barram a imigração ilegal nos Estados Unidos. Saiba como ficariam as
relações diplomáticas dos EUA com seus vizinhos nas Américas e no
Brasil.
1. Relações com o Brasil

De acordo com o professor de Relações Internacionais da Universidade de
Brasília Antonio Jorge Ramalho da Rocha, as relações entre Brasil e
Estados Unidos não devem mudar muito após a eleição do novo presidente.
“É possível que aumente a pressão para abrir o mercado brasileiro em
algumas áreas e que haja alguma retaliação caso o câmbio continue
depreciado, mas serão pressões setoriais, facilmente administráveis
pelas burocracias, que se conhecem e se respeitam”, afirma o professor.
O especialista acredita também que possíveis avanços na política de
vistos dos Estados Unidos para brasileiros dependem mais da
estabilização política e econômica de nosso país do que do resultado das
eleições de novembro. “Enquanto não definirmos quem ficará no poder
aqui está tudo parado. O que mais interessa os americanos é realmente a
estabilidade econômica e política”, diz.
2. Relações a América Latina

Para o professor de Relações Internacionais da Universidade de Oklahoma,
Alan McPherson, a eleição do magnata poderia prejudicar as relações dos
Estados Unidos com os países latinos. “Só consigo imaginar, por
exemplo, o quão tensa seria a Cúpula das Américas e que várias visitas
de chefes de Estados da América Latina a Washington seriam canceladas”,
afirma. Porém, com certeza, o elo bilateral mais afetado seria com o
México. Para McPherson, a imigração de mexicanos e centro-americanos e o
comércio dos EUA com o país seriam muito prejudicados com o governo de
Trump. “A mera presença de Trump na Casa Branca também poderia enviar um
sinal para seus milhões de seguidores racistas de que eles estão livres
para atacar latinos dentro das fronteiras de os EUA”, afirma o
professor. Já com a eleição da democrata Hillary Clinton, é provável que
as políticas americanas em relação à América Latina se mantenham as
mesmas do governo Obama. “Ela deve se concentrar em aumentar o comércio e
fomentar as relações de amizade em todo o hemisfério”, aposta a
professora da Universidade de Boston, Renata Keller.
3. Relações com a Venezuela

É
certo que qualquer um dos escolhidos pela população americana
encontrará, além da imigração ilegal, dois grandes desafios a serem
superados na América Latina: o narcotráfico e a crise venezuelana. E
para que o país comandado por Nicolás Maduro passe por uma transição de
forma estável e pacífica, os americanos devem esperar uma posição ativa
do governo brasileiro.
“Se a Venezuela falir e entrar em guerra civil, o Brasil é um país que
vai sofrer diretamente com isso. E os EUA esperam que o Brasil tenha um
papel ativo na questão”, afirma o coordenador do curso de Relações
Internacionais das Faculdades Integradas Rio Branco, Gunther Rudzit. E a
eleição de Hillary Clinton pode acentuar ainda mais essa questão, já
que a democrata tende a ser mais assertiva e dura quando se trata de
política externa.
4. Relações com Cuba

Grande parte dos esforços da administração Obama na América Latina nos
últimos anos se concentrou na normalização das relações com Cuba e é
provável que o próximo presidente dos EUA trabalhe para manter esse
vínculo. Até mesmo Donald Trump enxerga os benefícios econômicos que a
abertura tem trazido para investidores americanos. “Trump foi um dos
poucos candidatos presidenciais republicanos que não ameaçam reverter
abertura de Cuba realizada por Obama”, afirma William LeoGrande, da
American University, em Washington.
Por
Julia Braun/Veja
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