O procurador de Justiça Edilson
Mougenot Bonfim, do Ministério Público de São Paulo, pediu a reabertura
da investigação sobre o assassinato do ex-prefeito de Santo André Celso
Daniel (PT).
Agora, caberá à Procuradoria-Geral de Justiça decidir sobre
a questão. O pedido de Bonfim consta em parecer emitido na última
quinta-feira sobre um recurso apresentado pela defesa de Elcyd Oliveira
Brito, o John, condenado a vinte anos de prisão pelo assassinato do
petista. John era um dos integrantes da quadrilha da Favela Pantanal,
cujos membros foram responsabilizados pelo sequestro e morte do
ex-prefeito. O procurador quer, agora, saber quem foram os mandantes do
crime e entende haver novos caminhos para chegar a outros envolvidos.
Um Procedimento de Investigação
Criminal (PIC) aberto em 2005 corre há onze anos no Grupo de Atuação
Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do ABC paulista –
e nunca foi concluído. O PIC investiga “eventuais partícipes no
assassinato de Celso Daniel” e pode ser uma das maneiras usadas pelo MP
para dar continuidade à apuração sobre o homicídio.
A reabertura das investigações
já foi tratada em reunião da cúpula do MP paulista. O procurador
manifestou-se ao chefe do MP, Gianpaolo Poggio Smanio, porque atua como
representante do órgão na apelação criminal de Elcyd Oliveira Brito,
caso atualmente em segredo de Justiça.
Bonfim alega que novas provas
surgiram ao longo dos últimos anos – e cita principalmente o depoimento
em que o publicitário Marcos Valério, operador do mensalão, confirmou à
Justiça uma operação para comprar o silêncio do empresário Ronan Maria
Pinto, que ameaçava implicar Lula no crime.
Em depoimento prestado em
setembro ao juiz federal Sergio Moro, Marcos Valério afirmou que foi
Silvio Pereira, o Silvinho, ex-secretário-geral do PT, quem lhe contou
sobre a extorsão e o procurou para transferir 6 milhões de reais a
Ronan. “O termo certo é chantagem. Ouvi de Silvio Pereira na primeira
conversa dentro do hotel Sofitel. Foi explícito isso, o ministro José
Dirceu, o presidente Lula e Gilberto Carvalho estavam sendo
chantageados”, afirmou a Moro. Por fim, o publicitário contou que, ao
descobrir quem era o empresário do ABC paulista, desistiu do negócio.
Com isso, o empréstimo foi assumido por Bumlai, que conseguiu o dinheiro
com o Banco Schahin em troca do contrato de operação do navio-sonda
Vitória 10.000 da Petrobras. Ao juiz da Lava Jato, Valério disse que
soube dessa história pelo presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto.
Na esteira de sua condenação
pelo Supremo Tribunal Federal em 2012, por envolvimento no esquema do
mensalão, o publicitário Marcos Valério prestou um depoimento ao
Ministério Público Federal naquele ano em que citava o caso do
assassinato de Celso Daniel. Como revelou VEJA, diante da condenação a
mais de quarenta anos de cadeia, Valério indicou ao STF seu desejo de
prestar novas declarações ao tribunal sobre o esquema. Um acordo de
delação, contudo, nunca chegou a ser firmado. Na ocasião, o publicitário
disse que um empréstimo concedido pelo Banco Schahin ao empresário José
Carlos Bumlai em 2004 tinha como finalidade pagar uma extorsão a que
eram submetidos Lula e o ex-ministro Gilberto Carvalho.
Ronan Maria Pinto, dono do jornal Diário do Grande ABC
e empresário dos ramos de transporte público preso na 27ª fase da
Operação Lava Jato, a Carbono 14, foi sócio de Sérgio Sombra, acusado
pelo Ministério Público de encomendar o sequestro e a morte do
ex-prefeito de Santo André. Ex-segurança do político que se transformou
em um fantasma para o PT, Sombra morreu em setembro deste ano, no
Hospital Montemagno, em São Paulo, vítima de um câncer. Segundo a
Justiça paulista, eles também se associaram em outra empreitada: o
esquema de corrupção e achaque de empresários de ônibus desvendado pelo
Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) na
gestão Celso Daniel
Sombra chegou a ser preso
durante as investigações do assassinato e foi pronunciado a júri popular
em 2010. O processo, no entanto, saiu dos escaninhos da 1ª Vara da
Comarca de Itapecerica da Serra (SP) e foi remetido a Brasília por uma
série de recursos da defesa de Sombra. Ele sempre negou envolvimento no
homicídio. No ano passado, o Supremo Tribunal Federal anulou de vez
parte da instrução processual e determinou que a ação retornasse à fase
de interrogatórios, além de conceder a Sombra o direito de responder em
liberdade. Os advogados alegaram no habeas-corpus cerceamento de defesa,
porque não puderam fazer perguntas aos corréus durante os depoimentos à
Justiça de São Paulo.
por:JornaldoPaís
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