No mesmo dia em que a Secretaria de
Segurança Pública (SSP/AL) anunciou a conclusão do inquérito sobre a
morte da jornalista Márcia Rodrigues, seu pai e delegado da Polícia
Federal, Milton Omena Farias, foi assassinado a facadas pelo próprio
neto, no início da tarde desta sexta-feira (27), na cidade de
Paripueira. O jovem de 23 anos tem o mesmo nome da vítima e foi preso em
flagrante, no local do crime.
De acordo com a polícia o autor do crime
disse ter matado o delegado federal aposentado após discussão, motivada
pela crença do neto de que o avô assassinou sua mãe, Márcia Rodrigues.
Apesar de nunca ter sido tratado publicamente como suspeito, Milton
Omena Farias era tratado pelo neto como principal suspeito de matar a
própria filha, porque saiu de sua arma o disparo que a matou. O jovem
alegou legítima defesa.
Márcia foi encontrada morta em 14 de agosto do ano passado, na casa do delegado, com a arma do pai ao lado de seu corpo.
Milton Omena Farias Neto foi preso em
flagrante e confessou ter matado o avô. O portal Gazetaweb conversou com
o major Paulo Eugênio, que prendeu o jovem no local do crime e afirmou
ter ouvido do neto do delegado que ele foi até a casa do avô e o matou
após uma discussão.
SILÊNCIO DESINFORMA“Ao que parece, ele tomou as dores pela morte da mãe e veio até aqui tirar satisfação. Esta é a situação inicial”, disse o major, à Gazetaweb.
No início da mesma tarde em que o
delegado foi assassinado, a assessoria de imprensa da SSP adiou para a
próxima terça-feira (31) a coletiva sobre a morte de Márcia Rodrigues,
convocada para as 16h desta sexta. A informação oficial foi de que houve
“imprevistos” com um dos delegados do caso.
Apesar da grande repercussão da morte do
delegado suspeito, a SSP decidiu manter a sociedade sem informações
sobre a morte de sua filha, mesmo já tendo sido concluído o inquérito,
que também apurava a hipótese de suicídio de Márcia.
A assessoria de imprensa da SSP afirmou
que o adiamento da coletiva sobre o caso Márcia Rodrigues não tem
qualquer relação com o crime envolvendo o pai e o filho da vítima. E o
delegado de Paripueira, Tarcísio Vitorino, disse que o delegado federal
não tinha nenhuma relação com a morte da filha.
A decisão pelo silêncio sobre o
inquérito, um documento público e anunciado como concluído por fonte
oficial, é mais um exemplo do nível de compromisso que a gestão do
coronel Lima Júnior à frente da SSP tem com a transparência das
informações de interesse público.
O crime desta tarde pode ter tomado como
exemplo do risco da desinformação para a sociedade. Afinal, se o
delegado foi inocentado pelo inquérito que durou cinco meses para ser
concluído, a arma que levou Alagoas a ter mais um morto nas estatísticas
e mais um assassino no sistema prisional foi a desinformação sobre tal
desfecho, promovida e mantida pelo Estado, até este momento
(Diário do Poder/JornaldoPaís)
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