Representantes das cinco bases sindicais que estão em greve há mais
de 70 dias na capital amanheceram em frente ao prédio residencial do
prefeito Carlos Eduardo Alves, ontem, na tentativa de serem recebidos
por ele em um simbólico “café da manhã”.
O objetivo dos servidores era discutir a principal pauta da greve: o
cumprimento da Lei Orgânica do Município em 2017, garantindo o
pagamento dos servidores até, no máximo, o quinto dia útil de cada mês,
fato que não aconteceu nos últimos meses de 2016.
A tensão entre Prefeitura e servidores se agravou nos últimos dias,
quando Carlos Eduardo Alves orientou que as secretarias municipais
contabilizassem as faltas dos grevistas na folha de pagamento, já que
todos os salários de 2016 foram pagos pelo município há cerca de 15
dias.
Com um carro de som e orquestra de frevo, os servidores fizeram
versões de marchinha de carnaval durante o protesto, como essa que a
reportagem descreve para “A Jardineira”. “Ô servidora porque estás tão
triste? Quem foi que não te pagou?/ Foi o Prefeito Carlos Eduardo, que
me deu um calote e me desrespeitou//”, entoavam os grevistas.
O protesto chamou atenção também de turistas que passavam em bugues
pela Avenida Dinarte Mariz, na praia de Areia Preta, e rapidamente
demonstravam apoio ao carro de som com as versões das marchinhas
carnavalescas fazendo alusão a greve.
“O prefeito só sai de casa e aparece na imprensa quando é para
anunciar as atrações do carnaval... Mas até agora não estabeleceu
diálogo com a categoria e ainda ameaça cortar o ponto dos grevistas”,
lamentava o servidor com o microfone.
“Estamos aqui em mais uma tentativa pacífica de diálogo para marcar
uma audiência e discutir o fim da greve”, disse Célia Dantas, diretora
do Sindicato dos Servidores de Saúde de Natal (Sindsaúde), mencionando
que há uma semana eles não realizavam nenhuma atividade de rua para
tentar dialogar com o prefeito.
“Ontem (quarta-feira) fizemos uma caminhada até a Prefeitura, mas
isso também não adiantou. Passamos o ano de 2016 inteiro recebendo com
atrasos e isso gerou um problema grande para todos nós, que deixamos de
pagar aluguéis, contas e nos desequilibramos financeiramente”,
complementou.
Segundo Célia, cerca de 30% dos servidores ligados ao Sindsaúde
estão em greve; e entre as nove ambulâncias básicas do município, apenas
quatro estão rodando. “Mas mesmo sem greve só temos condições de
utilizar cinco delas, porque algumas estão sem manutenção”, argumenta.
Além do Sindsaúde, continuam em greve os Sindicato dos Servidores
Públicos Municipais de Natal (Sinsenat), Sindicato da Guarda Municipal
(Sindguardas), Sindicato dos Odontologistas do RN (Soern) e o Sindicato
dos Enfermeiros (Sindern).
De acordo com Ivan Ruy, diretor do Sindicato dos Servidores
Públicos Municipais de Natal (Sinsenat), a possibilidade de a Prefeitura
Municipal cortar os pontos dos servidores em greve se configura como um
desrespeito aos trabalhadores.
“Nossa principal reivindicação é o cumprimento da Lei Orgânica do
Município que estabelece o pagamento da folha até o quinto dia útil.
Precisamos que o prefeito divulgue um calendário de pagamento para que
em 2017 não haja mais atrasos”, concluiu Ivan, ressaltando que a
categoria só aceita negociar o fim da greve caso o prefeito suspenda a
determinação de cortar o ponto dos grevistas.
ATRASOS
De acordo com uma nota emitida pela assessoria de imprensa ao NOVO,
a Prefeitura Municipal de Natal confirmou que vai cortar o ponto dos
servidores em greve a partir do começo de janeiro, quando foi
regularizada a situação de toda a folha de pagamento de 2016 dos
servidores.
Ainda segundo a nota, mesmo sendo prioridade da Prefeitura pagar a
folha salarial dos servidores em dia, torna-se impossível a elaboração e
divulgação de um calendário para os pagamentos de 2017, já que isso
depende diretamente da receita arrecadada a cada mês.
(NovoJornal)
Nenhum comentário:
Postar um comentário