No pedido de prisão do ex-governador e do empresário Eike Batista, no âmbito da Operação Eficiência, deflagrada nesta quinta-feira o Ministério Público Federal (MPF) não detalha como Lucas, o filho de Miranda, pediu aos operadores para efetuarem o pagamento – já que Carlos Miranda está preso desde o dia 17 de novembro de 2016, quando foi deflagrada a Operação Calicute.
Os procuradores identificaram na quebra de sigilo dos e-mails do “homem da mala” uma mensagem do filho dele, em 6 de janeiro deste ano, encaminhando a cobrança da mensalidade da escola americana.
Documentos entregues pelos operadores do mercado financeiro Renato Chebar e Marcelo Chebar – que fecharam delação premiada com a força-tarefa da Operação Eficiência, deflagrada nesta quinta-feira – revelam que Lucas Miranda e até sua namorada Iasmine Bon tiveram pelo menos a mensalidade de janeiro deste ano do curso na renomada escola de cinema paga com dinheiro da conta Andrews Development, nas Bahamas.
Andrews é uma das nove contas usadas pelo grupo de Sérgio Cabral para movimentar propina. Ela era controlada por Renato Chebar, que resolveu colaborar com as investigações e detalhar como funcionava a movimentação financeira ilícita da organização criminosa supostamente liderada por Sérgio Cabral.
Para a força-tarefa da Lava Jato no Rio, “documentos juntados pelos colaboradores, dando conta do pagamento de USD 14.045,00 (catorze mil e quarenta e cinco dólares) para Lucas Miranda e USD 9.045,00 (nove mil e quarenta e cinco dólares) para Iasmine Bon, falam por si só”.
Os procuradores chegam a identificar Lucas e Iasmine no Facebook, mas não atribuem nenhum crime ao casal. Carlos Emanuel de Carvalho Miranda era uma das figuras mais próximas de Cabral ligadas à organização criminosa supostamente liderada pelo ex-governador. Ele era sócio, ex-assessor de confiança e quase da família – foi casado com uma prima de primeiro grau do peemedebista.
Ainda segundo o Ministério Público Federal, Miranda trabalhou com Sérgio Cabral, formalmente, em cargos públicos de confiança pelo menos desde 1988. Os dois foram sócios em uma empresa de comunicação durante o mandato do peemedebista como senador, de 2003 a 2006.
Apesar de não ter assumido cargos no governo do Estado durante a gestão de Sérgio Cabral, que foi de 2007 até 2014, Carlos Miranda era um dos operadores responsáveis por articular e cobrar a arrecadação de propina no esquema de corrupção montado pelo grupo do então governador.
“A confiança que Sérgio Cabral deposita em Carlos Miranda é tanta que ele delega até mesmo a transmissão de sua declaração de imposto de renda, como restou comprovado após a quebra do sigilo fiscal de ambos”, assinalaram os procuradores ao pedirem a prisão do ex-assessor em novembro do ano passado.
Com as novas revelações dos delatores sobre as atividades do grupo criminoso, a força-tarefa no Rio pediu e o juiz Marcelo Bretas, da 7.ª Vara Federal do Rio, decretou novamente a prisão preventiva de Miranda, Cabral, Eike e outras seis pessoas.
(Com Estadão Conteúdo)
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