Doze dias após a rebelião na Penitenciária Estadual de Alcaçuz,
que levou ao massacre de pelo menos 26 presos na unidade de Nísia
Floresta, o governador Robinson Faria anunciou medidas que serão tomadas
para conter a crise no sistema penitenciário do estado. Em entrevista
Intertv Cabugi, afiliada da Rede Globo de Televisão, ontem, ele disse
que desativará a unidade de Alcaçuz e que buscará recursos federais para
construir um novo presídio, além dos dois que já estão em construção.
Robinson convocou a bancada federal para, na próxima terça-feira
(31), pressionar o governo federal por mais recursos. Ele viajará a
Brasília acompanhado por representantes de outros poderes como o
desembargador Expedito Ferreira, presidente do Tribunal de Justiça, e
Rinaldo Reis, procurador geral de Justiça. Segundo disse, somente com
mais recursos poderá executar as ações que planeja.
“Vamos reunir toda a bancada e pedir mais recursos para recuperar
os demais presídios, blindar e melhorar o sistema prisional”, declarou. A
vinda de agentes federais para capacitar servidores do sistema
penitenciário potiguar também foi confirmada na entrevista.
“Estamos recebendo 70 agentes federais que darão consultoria ao
Estado de como fazer blindagem dos presídios e serviço de filmagem de
todas as áreas para acabar com facilitações de introduzir armas nos
presídios”, detalhou. Os agentes também farão um diagnóstico do que é
preciso melhorar.
“Vamos encerrar Alcaçuz. Vou mandar lacrar Alcaçuz. Vamos acabar
com a existência da história amaldiçoada de Alcaçuz e vamos devolver à
natureza, devolver aos morros, à vegetação, no máximo se puder fazer ali
um parque para evitar invasões”, afirmou.
O prazo para tanto depende da construção de três novos presídios.
Dois estão em construção, no município de Afonso Bezerra, com 600 vagas,
e em Ceará-Mirim com mais 600. Um terceiro presídio em local indefinido
aguarda a liberação de recursos federais do Fundo Penitenciário. A
expectativa é de que tenha mais 600. Contudo, o fechamento de Alcaçuz
deverá ocupar de imediato um terço dessas novas vagas do sistema
prisional.
Segundo o governador, as novas unidades seguem um novo modelo de
construção. “É um modelo de presídios modulares, que podem ser feitos
rapidamente e são até mais seguros para evitar fugas”. Enquanto isso,
continua com o serviço emergencial em Alcaçuz, construindo um muro para
isolar as facções rivais e recuperando as guaritas, estrutura física da
penitenciária, isolando a área externa com cerca elétrica.
“Em Alcaçuz vamos fazer reparação mínima para garantir segurança,
evitar novas fugas e evitar conflitos entre os presos. A despesa
(material) que está sendo feita lá pode ser reaproveitada em outros
presídios, mas é preciso ter essa despesa enquanto se constrói os
outros”, explica.
Os bloqueadores do sinal de telefonia, que os detentos quebraram
durante a rebelião, também serão consertados nos próximos dias, após a
construção do muro e quando, junto às forças armadas, for realizada a
vistoria completa dentro da unidade prisional.
Outra medida que ele julga necessária é a ressocialização dos
detentos, inclusive reforçando programa de recuperação de viciados em
drogas. “Precisa ser trabalhada. Alguns já estão trabalhando na
construção do muro e vamos empregá-los na construção de outros
presídios. A sociedade também precisa acatar aqueles que cumprirem pena
leve, vamos pensar no acolhimento e incentivo fiscal para que as
empresas dêem emprego a estes. Se o ex-detento sentir que a sociedade
não o acolheu, ele vai ter recaída e virar esses marginais de Alcaçuz,
mas aqueles monstros, que decepam cabeças humanas não têm recuperação”,
declarou Robinson Faria.
Sem mudança na cúpula da segurança
Robinson Faria aproveitou a entrevista no programa RNTV para
defender seu governo e auxiliares. Disse que não houve erros do governo
que tenham provocado a rebelião, nem negociação com facções e enfatizou
que não pretende promover mudanças na cúpula da segurança pública
estadual.
“Eu não diria que houve erros. Teve motivação nacional. O governo
não cometeu erros para que isso ocorresse, foi uma vingança ao que
ocorreu em Manaus, uma retaliação nessa briga de facções que ocorre hoje
em todo o Brasil”, defendeu.
Ele considera natural que numa situação como esta seus secretários e
comandante da Polícia Militar discordem em alguns pontos, mas ressaltou
que todas as decisões foram consensuais e que não negociou e nem
acredita que tenha havido negociação com as facções, por isso, descarta a
possibilidade de exonerar membros da cúpula da segurança em razão de
possíveis erros nas decisões.
Para Robinson, a rebelião em Alcaçuz não deveria ter tomado tanta
dimensão, visto que foi menor do que a ocorrida em outros estados. Ele
disse que, durante sua gestão, se sentiu sozinho para dar conta da crise
na segurança pública, sem apoio dos outros poderes. Agora, os poderes e
o governo federal estão dando apoio, destinando recursos e viaturas.
(NovoJornal)
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