Filho do bicheiro Maninho é morto em sequestro na Zona Oeste.Mesmo após resgate, Myro foi atingido por tiros disparados pelos criminosos
RIO DE JANEIRO
Rio
- O jogador de poker e empresário Myro Garcia, de 27 anos, foi morto na
tarde desta quarta-feira, na Zona Oeste, após ficar dois dias em
cativeiro. Ele era o único filho homem do contraventor Waldomiro Garcia,
o Maninho, morto em 2004. A Delegacia de Homicídios da Capital
investiga o caso. Myro foi baleado após tentar fugir enquanto o
pagamento para o sequestro era realizado. A versão foi contada à polícia
pelo primo da vítima, Pedro Marques, que foi entregar a quantia de R$
100 mil exigida pelos sequestradores.
Segundo Marques, por volta das 14h, Myro ligou e
informou o local onde deveria ser entregue o dinheiro, em espécie: na
Estrada do Rio Morto, 2.758. Seu primo, então, levou o dinheiro em uma
mala de mão. Ele relatou à polícia que, no momento da entrega da
quantia, Myro teria feito um movimento brusco, tentando correr, e foi
atingido por tiros. Já Marques correu na direção contrária e não sofreu
qualquer ferimento.
Na mesa de cirurgia
Os
criminosos, então, fugiram no carro da vítima, uma caminhonete Corolla
Preta, ano 2016. Enquanto isso, Marques socorreu o primo baleado para o
Hospital Estadual Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca. Ele morreu na mesa
de cirurgia.
Em chamas, o carro da vítima foi encontrado cerca de uma hora depois por
policiais militares, ao lado do clube Rio Water Planet, em Vargem
Grande. Apesar de incendiado, a polícia conseguiu identificar o veículo
pelo chassi.
Ainda não há informação se a família chegou a entrar em
contato com a Delegacia Antisequestro durante o período em que Myro
esteve sequestrado. O tempo de cárcere foi confirmado pelo comandante do
batalhão da Barra, Sérgio Schalioni, segundo informações passadas por
familiares da vítima.
Myro venceu uma modalidade
do PokerStar, em 2015, um dos principais campeonatos mundiais do jogo.
Myro aparece como sócio em três empresas: a Pixel Design Eventos, do
ramo de publicidade; a Haras Criação de Equinos, e Sabrina
Representações, do setor comercial. Em suas redes sociais, Myro postava
fotos de raves, partidas de poker e viagens internacionais ao lado de
amigos. Ainda não há informações sobre o enterro.
Herdeiros da contravenção
Waldemir
Paes Garcia, conhecido como Maninho, pai de Myro, virou um dos
bicheiros mais importantes do Rio quando tinha apenas 26 anos. Myro, o
filho dele, se acostumou a ir ao colégio e a uma escolinha de futebol
acompanhado por seguranças armados.
Mas esse tipo de
precaução não foi o suficiente para evitar o assassinato do próprio pai.
Maninho foi assassinado a tiros em 2004, quando deixava a academia, em
Jacarepaguá. Myro, que estava com o pai, também foi baleado, mas
conseguiu sobreviver.
Na
época, Maninho tinha 42 anos e extensa ficha criminal, com condenação
por formação de quadrilha, indiciamento por contrabando e um
desentendimento em 1986 envolvendo o ator Tarcísio Meira Filho, que
acabou com perseguição, tiros e um homem baleado.
A
confusão começou porque Maninho teria se irritado por desconfiar de
supostos olhares da mesa onde o ator estava com outros dois amigos em
direção de sua mulher e decidiu acertar as contas na saída. José Carlos
Reis, o Josef, que acompanhava Marinho, deu três tiros contra o carro
ocupado pelo ator.
Um deles atingiu Carlos Gustavo
Pinto Moreira, o Grelha, que ficou paraplégico. No processo, Josef disse
que agiu por conta própria. São histórias de um legado da contravenção
que já corria nas veias da família.
O pai,
Waldemir Garcia, o Miro, e o padrinho Angelo Maria Longa, o Tio
Patinhas, já eram chefões do jogo do bicho nos anos 80. A família também
tinha fortes ligações com a escola de samba Acadêmicos do Salgueiro,
onde Miro era presidente de honra e Maninho atuava como presidente do
Conselho Fiscal.
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