quinta-feira, 13 de abril de 2017

Vereadora defende utilização dos recursos do Natalprev: “Há fundamentação legal.” Para Nina Souza, do PEN, decisão do prefeito Carlos Eduardo foi um risco em prol do pagamento da folha de servidores inativos do município

VICE-LIDER DO GOVERNO
 Vereadora de Natal, Nina Souza (PEN)
 Vereadora de Natal, Nina Souza (PEN)

A vice-líder do prefeito Carlos Eduardo Alves (PDT) na Câmara Municipal, Nina Souza (PEN), defendeu a decisão tomada pelo Executivo no que diz respeito à utilização dos recursos dos fundos de previdência dos servidores para a complementação da folha de pagamento de inativos do mês de março.

A medida ignora uma liminar do conselheiro Tarcísio Costa, do Tribunal de Contas do Estado, que recomendou a não utilização das verbas. O veredito integra o processo 5620/2017, movido pelo deputado estadual Kelps Lima (SD) contra o prefeito. Segundo técnicos do TCE e o conselheiro-relator do caso, a utilização dos recursos fere os princípios e normas vigentes do Regime de Próprio de Previdência Social (RPPS) de Natal.

 De acordo com a interpretação de Nina, porém, não cabe ao Tribunal de Contas interferir neste caso, pois um projeto de lei complementar sobre o assunto já foi aprovado pela Câmara Municipal de Natal. “No advento da liminar, que é uma medida cautelar, a lei já tinha sido publicada. Então, o prefeito tem embasamento jurídico e legal para tomar essa decisão”, enfatizou a vereadora.

 Segundo Nina, a resolução do prefeito foi uma escolha e um “risco” que o prefeito correu em prol da garantia do pagamento do salário de inativos do município. Ela reforça que o Executivo tem pregado respeito ao Tribunal de Contas do Estado, e que a decisão de utilizar os recursos do Natalprev, mesmo com a existência da medida liminar, não representa um “atropelo”. “Não é passando por cima do TCE”, resume.

 O CASO
Após debates intensos e disputas regimentais entre situação e oposição, a Câmara Municipal aprovou na semana passada, por 21 votos a 4, um projeto de lei complementar de autoria do Poder Executivo que dá autorização para que a Prefeitura retire cerca de R$ 204 milhões dos fundos de previdência dos servidores municipais, o Natalprev.

 O empréstimo, que será efetuado em saques mensais de R$ 15,8 milhões pelo período de um ano, servirá exclusivamente para a complementação da folha de inativos. A alegação para a retirada da verba, segundo a Prefeitura, é a frustração de receitas nos últimos meses.

 Pelo projeto, o pagamento do empréstimo terá início em 2020 e será concluído em 15 anos. Como garantia de que o município vai pagar os débitos, a arrecadação futura do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) foi comprometida.

 A aprovação do projeto aconteceu em meio à revelação de que existe um déficit milionário na previdência. Documentos expostos pela própria gerência do Natalprev demonstram que o município deixou de efetuar repasses para os fundos das contribuições patronais e de servidores por mais de um ano. Com isso, cerca de R$ 78,2 milhões não foram depositados para o Natalprev no período. Parte do débito já foi quitado.

 Para barrar a retirada de mais recursos do fundo, mesmo com a aprovação do projeto pela Câmara, o deputado estadual Kelps Lima, que disputou a Prefeitura de Natal nas eleições de 2016, entrou com a representação no Tribunal de Contas solicitando a suspensão imediata das transferências envolvendo recursos do Natalprev. Por decisão monocrática, que poderá ser derrubada ou confirmada no pleno do TCE, o conselheiro Tarcísio Costa acatou o pedido do parlamentar.

 A Prefeitura de Natal decidiu, contudo, ignorar a decisão e efetuou o primeiro saque no início da semana para pagar a folha de inativos de março. O TCE ainda não se pronunciou oficialmente sobre o assunto.

( Tiago Rebolo/AgoraRN)


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