UMA PEDRA NO SAPATO DE MORO
“Engomadinho” - Cristiano Zanin: ternos Ricardo Almeida, cabelos sempre
alinhados e talento para irritar (Moacyr Lopes Junior/Folhapress)
Até os idos de 2013, quando começou a advogar para a família Lula da Silva, Cristiano Zanin Martins
era mais um entre centenas de advogados endinheirados de São Paulo a
usar ternos Ricardo Almeida com abotoaduras e circular em carros
importados pelas ruas dos Jardins. “Engomadinho demais”, dizia Lula
sempre que Roberto Teixeira — seu compadre e hoje
parceiro de acusações na Lava-Jato — indicava Zanin como interlocutor
para algum assunto jurídico. O primeiro caso importante que ele assumiu
na família foi o episódio do passaporte diplomático concedido a Luís
Cláudio Lula da Silva, o filho caçula do ex-presidente, em 2013. A
posse indevida de passaportes diplomáticos era, até então, o caso
judicial mais ruidoso a rondar o clã.
O tempo passou e a proximidade de Zanin com os Lula da Silva
cresceu na mesma proporção que a ficha criminal da família. Hoje, cabe
ao jovem advogado, de 41 anos, defender o ex-presidente de acusações bem
menos banais: corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização
criminosa são apenas alguns artigos do Código Penal que Zanin está
incumbido de driblar. O “engomadinho” agora é chamado por Lula de
“Cris”, e é a Cris que o ex-presidente recorre quase que diariamente
para consultas penais. Os dois também almoçam juntos com frequência —
quase sempre no escritório de Teixeira ou na sede do Instituto Lula, já
que o ex-presidente tem evitado locais públicos. Amigos de juventude de
Zanin dizem que lhes custa crer no rumo que tomou a vida do estudante
tímido vindo do interior de São Paulo. De família de classe média, ele
se mudou em 1994 de Piracicaba para São Paulo para estudar direito na
Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP). “Rato de biblioteca”,
“certinho”, “careta” e “de direita” eram adjetivos normalmente
associados ao piracicabano, duas décadas antes de ele se tornar a sombra
de Lula.
(Moacyr Lopes Junior/Folhapress)
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