BRASIL, POLÍTICA
O ex-presidente do TCE-RJ Jonas Lopes (Divulgação/Divulgação)
A presidente interina do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ), Marianna Montebello Willeman, aposentou, “a pedido”, o conselheiro Jonas Lopes de Carvalho Júnior, acusado pelo Ministério Público Federal por venda de sentença. Delator na Operação Descontrole,
desdobramento da Lava Jato, Jonas Lopes confessou o recebimento de
propinas na Corte de contas. O ex-conselheiro e ex-presidente do TCE vai
receber uma aposentadoria de 30.400 reais.
A decisão foi publicada no Diário Oficial de
quinta-feira. Além de aposentar Jonas Lopes, a presidente do TCE
dissolveu o gabinete do conselheiro “em função da perda de sua
titularidade”. Estavam locados no gabinete 14 servidores. “Com a
consequente exoneração dos servidores ocupantes de cargo comissionado,
devolução dos servidores cedidos aos respectivos órgãos de origem e
relotação dos servidores efetivos”, determinou Marianna Montebello
Willeman.
A delação de Jonas Lopes levou à deflagração da Operação O Quinto do Ouro,
em março deste ano. Na ocasião, conselheiros do TCE foram presos e o
presidente da Assembleia Legislativa do Rio, Jorge Picciani (PMDB), foi
levado coercitivamente para depor.
Em agosto, Lopes e outros quatro investigados foram denunciados perante o Superior Tribunal de Justiça (STJ)
por envolvimento em esquema de venda de decisões no TCE-RJ, com a
participação de outros conselheiros. Com a aposentadoria, a acusação do
Ministério Público Federal deverá ser remetida para a Justiça Federal do
Rio.
A acusação apontou corrupção em três períodos sucessivos
(2000 a 2006, 2007 a 2010 e 2011 a 2016), lavagem de dinheiro e evasão
de divisas, além de associação criminosa. Também foram denunciados Jorge
Luiz Mendes Pereira da Silva, Álvaro José Galliez Novis e Edimar
Moreira Dantas.
Esses crimes, afirma a acusação, “renderam vasta quantidade
de dinheiro em espécie, que foi repartida entre os participantes em
encontros realizados na sala da presidência do TCE, mediante a entrega
de envelopes e pastas contendo os valores ilícitos”.
Durante cerca de 17 anos, segundo a Procuradoria,
conselheiros de contas “estruturaram um ajuste criminoso de solicitação e
recebimento de vantagens indevidas, oferecidas por interessados em
processos submetidos a análise da Corte”.
A denúncia apontou que os valores serviram para determinar
avaliações menos rigorosas nos processos submetidos a julgamento da
Corte. O Ministério Público Federal afirma na acusação que há provas “de
que parte do dinheiro foi ocultada em conta mantida no exterior e outra
convertida em animais bovinos e terras rurais, como forma de dissimular
a natureza criminosa dos ativos”.
(com Estadão Conteúdo)
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