BRASIL, POLÍTICA
Bonifácio de Andrada (PSDB-MG) (Edilson Rodrigues/Agência Senado)
Escolhido para relatar na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara a segunda denúncia contra o presidente Michel Temer (PMDB), o deputado Bonifácio de Andrada
(PSDB-MG) se considera independente o suficiente para a missão, mesmo
tendo votado contra a admissibilidade do primeiro pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR),
em agosto. Naquela ocasião, ele declarou ao microfone que seu voto
pró-Temer era “a favor das instituições e do progresso do Brasil”.
“Não havia ali nenhuma prova de que a mala chegou ao
presidente da República. Desde a primeira denúncia eu fiz um exame
exclusivamente técnico, não fiz nenhum elogio ao presidente da República
nem a ninguém. Eu mostrei que uma delação não é base para nenhuma
solução jurídica”, afirma o relator da segunda denúncia, próximo ao
senador Aécio Neves (PSDB-MG), um dos principais articuladores da permanência dos tucanos no governo Temer e afastado do mandato no Senado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Andrada critica a delação premiada dos executivos da JBS,
que baseia parte da nova denúncia da PGR, e diz entender que Joesley
Batista, dono da empresa, “deveria ser processado”. “Um homem que ilude a
presidência da República, entra no Palácio para falar com o presidente
com o objetivo de pegar, de uma maneira inteiramente ilegal, afirmações
do presidente da República, esse homem não merece uma situação
tranquila, merece ser processado”, reforça.
Em agosto, a Câmara enterrou o pedido de investigação contra
Temer por corrupção passiva. Agora, o tucano vai se debruçar sobre um
pedido que inclui os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria Geral da Presidência). Temer é acusado de obstrução de justiça e organização criminosa.
O deputado mineiro – que está em seu décimo mandato na
Câmara – desconversa sobre o conflito interno no partido causado por sua
indicação e disse que não vê a possibilidade de ser destituído da CCJ. O
líder do PSDB na Casa, Ricardo Tripoli (SP), fez apelos ao presidente
da comissão, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), para que ninguém da bancada
fosse indicado, mas foi ignorado. Tripoli queria evitar que a legenda
sofresse mais um desgaste, já que na primeira denúncia o parecer que
barrou o prosseguimento do processo veio também de um tucano, o deputado
Paulo Abi-Ackel (MG).
Bonifácio de Andrada ressalta que não é seu papel convencer a
ala jovem do PSDB, os chamados “cabeças-pretas”, a votar contra ou a
favor do governo. “Estou pronto para servir exclusivamente a solução de
um problema sério porque é uma questão de interesse nacional”, afirma.
(com Estadão Conteúdo)
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