Os índices de violência no Rio Grande do Norte seguem em ascendência.
Na noite desta quinta-feira (21), o estado chegou a 1.801 homicídios
registrados em 2017, o que dá uma média de 6,8 mortos por dia. Segundo o
Observatório da Violência Letal Intencional (OBVIO) – instituto que
contabiliza e analisa os crimes contra a vida no estado – o número de
assassinatos é 27,1% maior que o registrado no mesmo período do ano
passado.
O que está acontecendo? Quem dá a resposta é o Fórum de Segurança
Pública do Rio Grande do Norte (Foseg), entidade que reúne instituições
de segurança pública do estado. “O problema se deve a um conjunto de
fatores, que vão desde a falta de investimentos elementares em educação,
saúde e segurança pública. Este tripé é obrigação do Estado. Todavia,
dois fortes aliados a esse conjunto de fatores são a péssima
produtividade da chamada persecução criminal no Brasil e a má atuação do
policiamento ostensivo”, afirma José Antônio Aquino, um dos
representantes do Foseg e presidente do Sindicato dos Servidores do
Departamento de Polícia Federal do RN.
Ainda de acordo com Aquino, “a ineficiência das polícias, a lentidão do
Poder Judiciário e também do Ministério Público têm provocado uma
imensa impunidade, e todos sabemos que uma sociedade que não pune seus
criminosos tende a ver, a cada dia, o aumento desenfreado da ação dos
marginais, ao mesmo tempo em que a população fica refém do crime, seja
organizado ou não”.
A Secretaria de Segurança Pública e da Defesa Social (Sesed) não comentou as estatísticas apresentadas pelo OBVIO.
Cidades mais violentas
Ainda de acordo com os dados do observatório, Natal é a cidade mais
violenta do estado. De janeiro até o dia 21 deste mês, 470 pessoas foram
mortas na capital potiguar. Em segundo vem Mossoró, com 168 homicídios.
Depois vem Ceará-Mirim (123), Parnamirim (113), São Gonçalo do Amarante
(87), Macaíba (75) e Extremoz (47).
Soluções
Para o presidente da Associação dos Bombeiros Militares do Rio Grande
do Norte, Dalchem Viana, que também é representantes do Foseg, o governo
estadual precisa colocar em prática o modelo de polícia aproximada da
população, o que não acontece no Ronda Cidadã, que é uma cópia do
projeto Ronda Quarteirão, que existe no Ceará. “No nosso caso, foi mal
feito e mal executado. Porque, na prática, o policiamento continua
idêntico ao que já era feito. Ou seja, o que existe hoje é muito nome e
pouca ação”, critica.
Ainda de acordo com Dalchen, o modelo de polícia de aproximação exige
aproximação de quem tá na linha de frente com a população. “Para isso,
são necessários canais de comunicação, interação maior com a sociedade,
viaturas em bairros fixos e com os policiais fixados nos bairros. Além
disso, o Estado tem que dar solução à questão do pouco efetivo e
priorizar o efetivo operacional.
Fora isso, a Polícia Civil precisa investigar mais. O índice de
elucidação de crimes chega a 5% no RN. É irrisório. Livrado o flagrante,
o criminoso tem 95% de chances de não ser penalizado. E isso só fomenta
a reincidência e a insegurança”.
Dalchen defende ainda que "a integração entre as forças de segurança
deve se dar de fato, e não apenas em pequenas operações. Fora isso,
temos que ter gestores de segurança com perfil operacional, com perfil
de rua. Para que isso aconteça, é extremamente importante que seja
aprovada a carreia única, o ingresso único nas instituições. É chegada a
hora de se acabar com concursos para chefes. Nós temos que ter
inteligência policial, e as inteligências policiais têm que se integrar.
O governo pode criar uma política para integrar todas as câmeras de
segurança do estado, do município, incluindo também as câmeras de
monitoramento das empresas privadas também”, sugeriu.
O Fórum
O Fórum de Segurança Pública do Rio Grande do Norte foi criado em 2015
com a missão de promover debates, traçar estratégias, ações e propostas
para o aparelhamento e desenvolvimento do setor. É composto pelo
Sindicato dos Servidores do Departamento de Polícia Federal do RN
(Sinpef-RN), Associação dos Bombeiros Militares do RN (ABM-RN),
Associação dos Cabos e Soldados da PM do RN (ACS-PMRN), Associação dos
Guardas de Trânsito do RN (AGT), Associação dos Subtenentes e Sargentos
Policiais Militares e Bombeiros Militares do RN (ASSPMBM-RN), Sindicato
dos Agentes Penitenciários do RN (Sindasp-RN), Sindicato dos Guardas
Municipais do RN (Sindguardas-RN), Sindicato dos Policiais Civis e
Servidores da Segurança Pública do RN (Sinpol-RN) e Sindicato dos
Policiais Rodoviários Federais do RN (Sinprf-RN).
(Por G1 RN)
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