domingo, 24 de dezembro de 2017

Ex-presidente do TJRN é vítima de sequestro-relâmpago; estado sofre com falta de PMs nas ruas. Desembargador aposentado, Osvaldo Cruz foi levado de uma fazenda em Taipu. Ele foi libertado em São Gonçalo do Amarante, na Grande Natal.

INSEGURANÇA
 Desembargador Osvaldo Cruz (Foto: Inter TV Cabugi/Reprodução)
 Desembargador Osvaldo Cruz (Foto: Inter TV Cabugi/Reprodução) 

O desembargador aposentado Osvaldo Soares da Cruz, ex-presidente do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte, foi vítima de um assalto seguido de sequestro-relâmpago na madrugada deste sábado (23) no interior do estado. 

Segundo a Polícia Militar, Osvaldo foi levado de uma fazenda em Taipu, distante 60 quilômetros da capital potiguar, e libertado horas depois em São Gonçalo do Amarante, na Grande Natal. Não há registro de violência física. O carro e alguns pertences pessoais foram roubados. 

Ainda de acordo com a PM, o desembargador estava em uma fazenda no distrito de Logradouro, na zona rural de Taipu, quando quatro homens armados entraram na propriedade e o renderam. Outras pessoas também estavam na casa, mas Osvaldo foi o único a ser levado pelos criminosos. Os bandidos usaram o carro dele, um Sportage de cor preta, para deixarem a fazenda.

 Em Natal, PMs estão aquartelados desde a terça (19). Protesto é contra a falta de salários (Foto: Polícia Militar/Divulgação)

RN sem PM

Desde a terça (19) que o RN vem sofrendo com a falta de policiamento militar nas ruas, principalmente em Natal, nas cidades da região metropolitana da capital e em Mossoró, segunda maior cidade do estado. Praças e oficiais da PM estão aquartelados. Nas praias não há bombeiros trabalhando como salva-vidas, pois eles também pararam. O protesto é por causa dos salários atrasados, situação recorrente já alguns meses. 

Os militares também dizem que só deixam os batalhões com viaturas, materiais de proteção e armas em condições adequadas de uso. Por isso, alegam que não estão em greve, mas realizando uma operação chamada 'Segurança com Segurança'. 

Agentes, escrivães e delegados da Polícia Civil se uniram ao protesto e estão trabalhando em escala de plantão. Isso significa que desde o início do movimento apenas as delegacias de plantão e as regionais estão funcionando. Agentes penitenciários estão em greve, o que impede a realização de visitas e banhos de sol nos presídios do estado. 

 Loja de departamentos foi alvo de bandidos na Zona Leste de Natal (Foto: PM/Divulgação)
 Loja de departamentos foi alvo de bandidos na Zona Leste de Natal (Foto: PM/Divulgação)

Desde o início da paralisação, o comércio de rua na capital vem registrando vários casos de arrastões, arrombamentos e saques. Além disso, houve um pico de roubos de veículos entre quarta-feira e quinta-feira: 36 casos foram registrados, contra uma média de 20. 

O G1 solicitou à Secretaria de Segurança Pública (Sesed) estatísticas de roubos a estabelecimentos comerciais, casas e veículos na semana anterior à paralisação e na atual agora. Mas, até o momento, a pasta ainda não forneceu os dados. Neste ano, o estado registrou mais de 2,4 mil homicídios – o maior número da história.

Paralisação contestada

O governo do estado tentou, na Justiça, obrigar os policiais a voltarem ao trabalho nas ruas, alegando que a paralisação é uma greve disfarçada. Mas, até o momento, não teve sucesso. Na quinta (21), o desembargador Dilermano Motta, do TJ, negou pedido feito pela Procuradoria-Geral do Estado para suspender a paralisação feita pelas polícias Civil e Militar. 

Ajuda financeira

Para pôr em folha em dia, o governo estadual tenta uma ajuda financeira de R$ 600 milhões junto ao governo federal. O Ministério Público de Contas da União, no entanto, recomenda que o dinheiro não seja liberado, pois este tipo de socorro seria inconstitucional. 

Na noite da sexta (22) e madrugada deste sábado (23), quatro pessoas foram assassinadas e uma criança baleada em Mossoró. Na cidade, apenas 30% do efetivo está nas ruas. 

Em Natal, a Força Nacional foi convocada para ajudar no patrulhamento. Entre homens e mulheres, 70 agentes chegaram à cidade para dar apoio no patrulhamento. Mossoró, porém, não recebeu reforço algum.

Escândalo dos precatórios

Em outubro deste ano, o Tribunal de Contas do Estado condenou os desembargadores Osvaldo Cruz e Rafael Godeiros, ambos aposentados, a devolverem recursos desviados do setor de precatórios do Tribunal de Justiça. O esquema, que contou com a participação de outros envolvidos, desviou R$ 14.195.702,82 dos cofres do tribunal. 

(Por Anderson Barbosa, G1 RN) 



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