O desembargador aposentado Osvaldo Soares da Cruz, ex-presidente do
Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte, foi vítima de um assalto
seguido de sequestro-relâmpago na madrugada deste sábado (23) no
interior do estado.
Segundo a Polícia Militar, Osvaldo foi levado de uma fazenda em Taipu,
distante 60 quilômetros da capital potiguar, e libertado horas depois em
São Gonçalo do Amarante, na Grande Natal. Não há registro de violência
física. O carro e alguns pertences pessoais foram roubados.
Ainda de acordo com a PM, o desembargador estava em uma fazenda no
distrito de Logradouro, na zona rural de Taipu, quando quatro homens
armados entraram na propriedade e o renderam. Outras pessoas também
estavam na casa, mas Osvaldo foi o único a ser levado pelos criminosos.
Os bandidos usaram o carro dele, um Sportage de cor preta, para deixarem
a fazenda.
RN sem PM
Desde a terça (19) que o RN vem sofrendo com a falta de policiamento militar nas ruas, principalmente
em Natal, nas cidades da região metropolitana da capital e em Mossoró,
segunda maior cidade do estado. Praças e oficiais da PM estão
aquartelados. Nas praias não há bombeiros trabalhando como salva-vidas,
pois eles também pararam. O protesto é por causa dos salários atrasados,
situação recorrente já alguns meses.
Os militares também dizem que só deixam os batalhões com viaturas,
materiais de proteção e armas em condições adequadas de uso. Por isso,
alegam que não estão em greve, mas realizando uma operação chamada
'Segurança com Segurança'.
Agentes, escrivães e delegados da Polícia Civil se uniram ao protesto e
estão trabalhando em escala de plantão. Isso significa que desde o
início do movimento apenas as delegacias de plantão e as regionais estão
funcionando. Agentes penitenciários estão em greve, o que impede a
realização de visitas e banhos de sol nos presídios do estado.
Desde o início da paralisação, o comércio de rua na capital vem
registrando vários casos de arrastões, arrombamentos e saques. Além
disso, houve um pico de roubos de veículos entre quarta-feira e
quinta-feira: 36 casos foram registrados, contra uma média de 20.
O G1 solicitou
à Secretaria de Segurança Pública (Sesed) estatísticas de roubos a
estabelecimentos comerciais, casas e veículos na semana anterior à
paralisação e na atual agora. Mas, até o momento, a pasta ainda não
forneceu os dados. Neste ano, o estado registrou mais de 2,4 mil
homicídios – o maior número da história.
Paralisação contestada
O governo do estado tentou, na Justiça, obrigar os policiais a voltarem
ao trabalho nas ruas, alegando que a paralisação é uma greve
disfarçada. Mas, até o momento, não teve sucesso. Na quinta (21), o
desembargador Dilermano Motta, do TJ, negou pedido feito pela Procuradoria-Geral do Estado para suspender a paralisação feita pelas polícias Civil e Militar.
Ajuda financeira
Para pôr em folha em dia, o governo estadual tenta uma ajuda financeira
de R$ 600 milhões junto ao governo federal. O Ministério Público de
Contas da União, no entanto, recomenda que o dinheiro não seja liberado, pois este tipo de socorro seria inconstitucional.
Na noite da sexta (22) e madrugada deste sábado (23), quatro pessoas foram assassinadas e uma criança baleada em Mossoró. Na cidade, apenas 30% do efetivo está nas ruas.
Em Natal, a Força Nacional foi convocada para ajudar no patrulhamento.
Entre homens e mulheres, 70 agentes chegaram à cidade para dar apoio no
patrulhamento. Mossoró, porém, não recebeu reforço algum.
Escândalo dos precatórios
Em outubro deste ano, o Tribunal de Contas do Estado condenou os desembargadores Osvaldo Cruz e Rafael Godeiros,
ambos aposentados, a devolverem recursos desviados do setor de
precatórios do Tribunal de Justiça. O esquema, que contou com a
participação de outros envolvidos, desviou R$ 14.195.702,82 dos cofres
do tribunal.
(Por Anderson Barbosa, G1 RN)
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