Depois de pedir ao ministro da Fazenda, Henrique Meireles, uma reconsideração quanto ao veto da ajuda financeira de R$ 600 milhões que
seria enviada ao estado, o governo do Rio Grande do Norte anunciou que
vai dar entrada nesta quarta-feira (27) com um recurso de embargo de
declaração no Tribunal de Contas da União. O objetivo, segundo a
administração, é esclarecer a decisão do TCU que tinha sido favorável à transferência de auxílio do governo federal aos estados em crise fiscal, entre eles o RN.
A medida será tomada depois que uma recomendação do Ministério Público
de Contas recomendou ao Ministério da Fazenda que não fizesse a
transferência do recurso ao estado para pagamento de salários dos
servidores, o que seria considerado inconstitucional. Seguindo a recomendação, a pasta vetou o repasse.
No pedido de reconsideração feito nesta terça-feira (26) ao ministro
Henrique Meireles, o governador Robinson Faria (PSD) afirmou ao ministro
que o estado iria buscar uma "definição clara" junto ao Tribunal de
Contas da União e ao Ministério Público quanto à natureza da
transferência e quanto à existência ou não da vedação ao uso dos
recursos para o pagamento de despesas com pessoal.
Para o estado, o apoio financeiro solicitado à União não se enquadra na
classificação de “transferência voluntária” mencionada pelo Ministério
Público de Contas, mas sim um socorro emergencial e incondicional
prestado mediante lei ou medida provisória. Dessa forma, o dinheiro
poderia ser usado para pagar a folha salarial.
Ainda que não possa ser usado para pagamento dos salários, o governo
pediu que o dinheiro fosse encaminhado para custear outras despesas,
liberando os recursos das contas estaduais para o pagamento dos
salários. Até esta quarta, 27 de dezembro, o governo pagou os salários
de novembro, apenas aos servidores estaduais que ganham até R$ 3 mil.
"O Governo do Estado solicita ao Ministério da Fazenda que aguarde o
julgamento do Recurso, o que deverá ocorrer após o recesso anual do TCU,
que termina em 16 de janeiro, para qualquer decisão final sobre a
edição da Medida Provisória", declarou o governo por meio de nota.
Paralisações
Com
salários atrasados, o estado enfrenta paralisações da Polícia Militar,
do Corpo de Bombeiros e da Polícia Civil há uma semana. Desde a
terça-feira (19), PMs se negam a sair dos batalhões da capital e do
interior. Desde então, vários arrombamentos de lojas, roubos de carros e
assaltos foram registrados na região metropolitana de Natal. Em uma
semana sem polícia na rua, RN tem 50 homicídios e mais de 360 roubos.
Neste domingo, o TJRN determinou que os policiais retomem imediatamente suas funções,
mas as categorias não voltaram até o momento. Na tarde desta quarta
(27), PMs e bombeiros irão se reunir em assembleia para definir os rumos
do movimento.
Para garantir a segurança nas ruas, o governo do estado pediu ajuda do
Ministério da Justiça que enviou 70 homens da Força Nacional ao RN. Desde sexta-feira (22) eles atuam no patrulhamento ostensivo nas ruas de Natal.
Segurança com Segurança
Além de exigir o pagamento em dia dos salários, os PMs também dizem que
só deixam os batalhões com viaturas, materiais de proteção e armas em
condições adequadas de uso. Por isso, alegam que não estão em greve, mas
realizando uma operação chamada 'Segurança com Segurança'.
Pagamentos
Ainda na quinta (21), o governo pagou os salários de novembro dos
servidores que ganham até R$ 2 mil, e na sexta (22) depositou o dinheiro
de quem recebe até R$ 3 mil. Já
quem ganha acima disso, deve receber somente na sexta, dia 29 de
dezembro, que é quando o governo promete concluir a folha de novembro.
O 13º salário, ainda de acordo com o governador Robinson Faria, só deve
ser pago no dia 10 de janeiro. Já a folha de dezembro, só deve ser
concluída no dia 30 de janeiro de 2018.
(Por G1 RN)
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