BRASIL, POLÍTICA
Procuradora diz que decreto presidencial, além de vários outros
problemas, contraria a separação de poderes (Ueslei Marcelino/Reuters)
A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, ajuizou nesta quarta-feira (27) uma ação direta de inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal (STF) para contestar o decreto de indulto de Natal e comutação de penas a condenados de todo o país assinado pelo presidente Michel Temer. Para ela, a medida coloca em risco a Operação Lava Jato, “materializa o comportamento de que o crime compensa” e será “causa única e precípua de impunidade de crimes graves”.
Para a procuradora, a norma fere a Constituição Federal
ao prever a possibilidade de exonerar o acusado de penas patrimoniais e
não apenas das relativas à prisão, além de permitir a paralisação de
processos e recursos em andamento.
Ao estabelecer que o condenado tenha cumprido um quinto da
pena, o decreto viola, segundo Raquel Dodge, o princípio da separação
dos poderes, da individualização da pena, da vedação constitucional para
que o Poder Executivo legisle sobre direito penal. “O chefe do Poder
Executivo não tem poder ilimitado de conceder induto. Se o tivesse,
aniquilaria as condenações criminais, subordinaria o Poder Judiciário,
restabeleceria o arbítrio e extinguiria os mais basilares princípios que
constituem a República Constitucional Brasileira”, pontua um dos
trechos do documento.
Ao detalhar a inconstitucionalidade na previsão de o indulto
incluir a remissão de multas, a ação enfatiza que tanto o Código Penal
quanto a jurisprudência do STF entendem que a pena de multa tem natureza
fiscal e perdoá-la seria uma forma de renúncia de receita pelo poder
público. “Em um cenário de declarada crise orçamentária e de repulsa à
corrupção sistêmica, o Decreto 9.246/17 passa uma mensagem diversa e
incongruente com a Constituição, que estabelece o dever de zelar pela
moralidade administrativa, pelo patrimônio público e pelo interesse da
coletividade”, enfatiza.
(Veja.Abril.com.br)
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