O diplomata Ruy Pereira, declarado 'persona non grata' na Venezuela (Carlos Garcia Rawlins/Reuters)
O Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) emitiu nota na tarde deste sábado dizendo que tomou ciência de que o embaixador brasileiro na Venezuela, Ruy Pereira, teria sido declarado persona non grata no país. A instituição disse que, se confirmada a informação, o Brasil “aplicará as medidas de reciprocidade correspondentes”. O mais provável é que o representante mais graduado da Venezuela no Brasil também seja declarado persona non grata.
Na prática, a medida da Venezuela indica que o embaixador brasileiro está expulso do país. Pereira, que viajou para as festas de fim de ano e não se encontra na Venezuela, não poderá mais retornar a Caracas.
O Itamaraty disse que a decisão indica “uma vez mais, o caráter autoritário da administração Nicolás Maduro e sua falta de disposição para qualquer tipo de diálogo”.
O anúncio sobre a situação do embaixador brasileiro foi feito neste sábado pela presidente da Assembléia Nacional Constituinte (ANC) da Venezuela, a ex-chanceler Delcy Rodríguez, durante coletiva de imprensa. Ela disse que a medida foi aprovada pelo governo de Nicolás Maduro, e que o cumprimento da decisão será feito pela chancelaria. A ANC foi instaurado em agosto, concentra apoiadores de Maduro e assumiu as funções do Parlamento local, que era controlado pela oposição.
Além do diplomata brasileiro, Ruy Pereira, também foi considerado persona non grata o representante do Canadá, Craib Kowalik. A ex-chanceler argumentou que, no caso brasileiro, a medida será mantida “até que se restitua o fio constitucional que o governo de fato violou”, em uma referência ao impeachment de Dilma Rousseff. O Canadá foi incluído “por sua permanente, insistente, grosseira e vulgar intromissão nos assuntos internos da Venezuela”.
Críticas
Dentre outras medidas que foram tomadas pela ANC estão a exclusão de partidos políticos que boicotaram as eleições locais neste mês e a eliminação da prefeitura de Alto Apure e de Caracas, que estavam sob o comando de opositores a Maduro. O governo brasileiro se manifestou contra a medida.O Brasil tem criticado com frequência a ruptura do governo de Maduro em relação aos princípios democráticos. Foi por essa razão que a Venezuela foi suspensa do Mercosul com base na cláusula democrática em agosto passado, no primeiro ato da presidência brasileira no bloco.
Como reação ao impeachment, em maio passado, a Venezuela retirou seus embaixadores do Brasil. Em resposta, o Brasil fez o mesmo. Mas, em maio deste ano, o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, enviou Pereira de volta a Caracas num movimento para normalizar as relações. A Venezuela, no entanto, continua sem embaixador em Brasília.
(Com Estadão Conteúdo)
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