SEGURANÇA
O ministro da Defesa, Raul
Jungmann, anunciou nesta sexta (29) o envio de 2.000 militares das
Forças Armadas para reforçar a segurança no Rio Grande do Norte.
A medida ocorre após escalada nos índices de violência desde o início
da paralisação dos policiais militares e bombeiros no Estado, há 11
dias, e devido à proximidade do Ano-Novo, quando aumenta o fluxo de
turistas na região.
Desde que os policiais se aquartelaram, em 18
de dezembro, foram registrados 539 furtos e roubos no Estado. Dentre
eles, estão 29 arrombamentos a lojas, supermercados, shoppings e bancos.
Entre
quinta (28) e o final da tarde de sexta (29), três supermercados foram
roubados e saqueados por bandidos na Grande Natal. No mesmo dia, lojas
foram atacadas na capital e em Mossoró, segunda maior cidade do Estado.
Cinco pessoas foram mortas por arma de fogo até as 16h de sexta (29), e
sete na quinta (28). Os números estão na média: entre e janeiro e
outubro, o Estado registrou 6,6 homicídios por dia.
O clima de
insegurança fez algumas cidades reverem a programação do Réveillon. Em
Parnamirim, onde fica a badalada praia de Pirangi, foram cancelados os
shows da virada do ano. Foi mantida apenas a realização de uma missa e
da queima de fogos.
"Por medida de segurança, achamos melhor
cancelar as apresentações musicais. A segurança da população vem em
primeiro lugar" disse o prefeito Rosano Taveira (PRB).
Os
militares começaram a chegar ao Rio Grande do Norte já nesta sexta e
devem atuar, sobretudo, na região metropolitana de Natal e em Mossoró.
Caso necessário, as tropas podem ser deslocadas para outras cidades do
Estado.
Inicialmente, a ideia é que os militares permaneçam no
Estado por 15 dias, mas o prazo pode ser prorrogado. Além das Forças
Armadas, cerca de 190 membros da Força Nacional participam da operação
de reforço na segurança.
"As Forças Armadas estarão assegurando a
paz. Ficaremos o tempo necessário até que a ordem se restabeleça", disse
Jungmann. O ministro também deve ir a Natal neste sábado (30) para
participar do planejamento das ações e passar o Réveillon, "em
solidariedade" aos militares deslocados para a operação.
'SITUAÇÕES DIFÍCEIS'
Ao
todo, cerca de 8.000 policiais e 500 bombeiros militares estão sem
trabalhar. Na quarta (27), o grupo aprovou em assembleia a manutenção do
aquartelamento.
A paralisação foi iniciada após o governo atrasar
os salários de novembro e não pagar o 13º salário dos policiais e
demais servidores estaduais. Até terça (26), o governo do Estado pagou o
mês de novembro apenas para os policiais com rendimentos de até R$
3.000, deixando 33% da tropa sem salário.
Além do atraso dos
salários, os policiais também reclamam das condições de trabalho. Para
retomar o patrulhamento, eles exigem que o governo reequipe os quartéis
com carros e equipamentos de proteção individual.
Presidente
da Associação de Subtenentes e Sargentos Policiais Militares e
Bombeiros Militares do RN, Eliabe Marques afirma que não houve avanços
nas negociações. "Com a vinda do Exército, o governo mostra que está
mais interessado em reprimir as forças policiais do que em resolver os
problemas", diz.
Numa tentativa de encerrar a paralisação,
Jungmann fez um apelo para que os policiais voltem ao trabalho, dizendo
que o governo entende as "situações difíceis", mas que "acima disso há
um valor maior". "Faço um apelo para que retomem aquilo que juraram. Até
porque mais dia, menos dia, essa situação aflitiva que vivem será
resolvida. Mas uma vida não tem volta."
Ele também fez críticas à
paralisação. "Está na hora de termos discussão e clareza em uma decisão
se forças policiais podem ou não fazer greve. Pela lei, não podem, mas
na prática fazem, e colocam a comunidade em situação de vulnerabilidade e
medo", disse.
Essa é a terceira vez neste ano que o governo federal envia reforço
para a segurança do Rio Grande do Norte. Com informações da Folhapress.
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