REFORMA DA PREVIDÊNCIA
O novo ministro da articulação do governo Temer levantou todos os
pedidos de empréstimos na Caixa por Estados, capitais e outras grandes
cidades (Adriano Machado/Reuters)
O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, admitiu na tarde de terça-feira que o Palácio do Planalto está pressionando governadores e prefeitos a trabalhar em favor da aprovação da reforma da Previdência em troca da liberação de recursos do governo federal e de financiamentos de bancos públicos, como a Caixa.
“Realmente o governo espera daqueles governadores que têm recursos a
serem liberados, financiamentos a serem liberados, como de resto de
todos os agentes públicos, reciprocidade no que tange à questão da
(reforma da) Previdência”, disse o ministro.
Marun negou que esteja promovendo
“chantagem” com governadores e prefeitos e destacou que os
financiamentos da Caixa “são ações de governo”. O peemedebista disse que
o governo está pedindo apenas uma “ajuda” em troca dos votos pela
reforma. “Financiamentos da Caixa Econômica Federal são ações de
governo. Senão, o governador poderia tomar esse financiamento no
Bradesco; não sei onde. Obviamente, se são na Caixa Econômica, no Banco
do Brasil, no BNDES, são ações de governo, e, nesse sentido, entendemos
que deve, sim, ser discutida com esses governantes alguma reciprocidade
no sentido de que seja aprovada a reforma da Previdência, que é uma
questão que entendemos hoje de vida ou morte para o Brasil”, justificou.
O ministro disse que os parlamentares ligados aos
governadores também terão aspectos eleitorais positivos com os
financiamentos aos governos locais. “Olha, não entendo que seja uma
chantagem o governo atuar no sentido de que um aspecto tão importante
para o Brasil se torne realidade, que é a modernização da Previdência”,
afirmou. “Não é retaliação aos governadores, é pedido de apoio”,
completou.
O novo ministro da articulação do governo Temer levantou
todos os pedidos de empréstimos na Caixa por Estados, capitais e outras
grandes cidades e condicionou a assinatura dos contratos à entrega de
votos pelos governadores e prefeitos que exercem influência sobre os
deputados. O primeiro a ser pressionado foi o governador de Sergipe,
Jackson Barreto (PMDB). “Veja bem, é uma ação de governo, sendo uma ação
de governo, obviamente o nível de apoio que o governador pode prestar a
favor da reforma vai ser considerado nesta questão”, insistiu.
Em reunião nesta tarde com o presidente Michel Temer, Marun disse que manifestou seu otimismo em relação à aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC). Marun afirmou
que a confiança na aprovação do texto vem de conversas com
parlamentares nos últimos dias e disse ver cada dia menos pessoas
dizendo que não votarão a PEC “de jeito nenhum”.
Marun revelou que marcou para a
tarde desta quarta-feira uma nova reunião com Temer e o presidente da
Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para traçar a estratégia de
atuação em janeiro em busca dos 308 votos a favor da reforma. Segundo
ele, o relator da proposta, deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA),
também será convidado para o encontro.
O ministro evitou dar o número de votos que o governo
contabiliza hoje. Ele disse que a contagem de votos só será retomada por
volta do dia 15 de janeiro, a mais de um mês da data da votação marcada
por Maia, 19 de fevereiro. Apesar disso, Marun se mostrou confiante.
“Cada vez é maior a consciência da sociedade brasileira em
relação à necessidade da reforma. A tática de empurrar com a barriga tem
cada vez menos apoio na sociedade, e os parlamentares, ao chegarem a
suas bases, começam a constatar isso. Isso que tem sido o grande fator
propulsor desta confiança dessa mudança de pensamento de vários
deputados, e fator propulsor dessa vitória que teremos em fevereiro”,
declarou.
(Por
Estadão Conteúdo)
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